Sábado – Pense por si

Reino Unido condena três pessoas à prisão por motins

Ao ser detido, um dos condenados ainda tinha no bolso os isqueiros com que incendiou uma carrinha da polícia. Outro já tinha sido condenado por 14 crimes.

No Reino Unido, três homens foram sentenciados a penas de prisão por estarem envolvidos nos motins violentos desencadeados pelo ataque de Southport. A pena mais pesada foi dada a Derek Drummond, de 58 anos e natural da cidade onde morreram três meninas, incluindo uma portuguesa: três anos de prisão após ter-se declarado culpado de desordem violenta e agressão a um funcionário dos serviços de emergência.

Segundo o jornal The Guardian, o homem esmurrou um polícia a 30 de julho junto a uma mesquita. O incidente deixou mais de 50 agentes da polícia feridos.

Foi o dia seguinte ao ataque que matou Alice da Silva Aguiar, de nove anos, Bebe King, de seis, e Elsie Dot Stancombe, de sete. Após as mortes, começou a circular a desinformação de que um imigrante teria matado as crianças, o que não é verdade.

Na leitura da sentença dos primeiros condenados, o juiz considerou que alguns viram a morte das crianças como "uma oportunidade para semear divisão e ódio" e espalhar falsidades sobre a nacionalidade, etnia e religião do autor do ataque: Axel Rudakubana, que nasceu em Cardiff, filho de pais ruandeses.

Keir Starmer, o primeiro-ministro britânico, prometeu condenações velozes dos envolvidos nos motins.

Derek Drummond já foi condenado por 14 crimes que remontam a 1988. "Sinto-me absolutamente envergonhado pela forma como me comportei", assegurou, citado pelo canal Sky News.

Além de Drummond, também Liam Riley, de 41 anos, se deu como culpado de desordem violenta e ofensas agravadas à ordem pública cometidas em Liverpool no sábado, 3 de julho, à noite. Liam Riley integrou um grupo de cerca de 100 pessoas que entoaram cânticos agressivos e atiraram pedras e garrafas. Quando foi detido, estava "claramente bêbado", segundo o procurador Chris Taylor, e chamou nomes ao agente da polícia. Riley terá que cumprir uma pena de 20 meses.

O terceiro condenado é Declan Geiran, de 29 anos e também de Liverpool. Deu-se como culpado por desordem violenta e fogo posto no dia 3 de julho. Foi apanhado por videovigilância a pegar fogo a uma carrinha da polícia antes de se sentar e de olhar para o que tinha feito.

Quando foi preso, ainda tinha os isqueiros. Acabou por ser condenado por dois anos e meio, e negou quaisquer "sentimentos negativos" quanto à imigração. O procurador disse que foi motivado por "causar estragos".

Também um adolescente foi apanhado em videovigilância a atirar tijolos à polícia. Cole Stewart, de 18 anos, só saberá a sentença no dia 9 de agosto.

REUTERS/Hollie Adams

Autoridades em alerta

Esta quarta-feira, vários grupos de extrema-direita convocaram motins junto a escritórios de advogados de imigração e centros de apoio a migrantes. Muitos negócios junto a estes locais preferiram fechar mais cedo por receio, e grupos antifascistas e antirracismo também convocaram contramanifestações.

Trata-se da pior onda de violência no Reino Unido dos últimos 13 anos, aponta a agência noticiosa Reuters. Muitos grupos entraram em confrontos com a polícia, partiram janelas de hotéis onde estão requerentes de asilo e apedrejaram mesquitas.

Entre os grupos envolvidos nos motins, foram encontradas crianças de onze anos, frisou Stephen Parkinson, diretor dos processos públicos em Inglaterra e País de Gales. "Podem enfrentar consequências vitalícias pelas suas ações."

Artigos Relacionados

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.

Cuidados intensivos

Loucuras de Verão

Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.