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Polícia do Texas "falhou na resposta" ao tiroteio em escola em 2022

Andreia Antunes
Andreia Antunes 18 de janeiro de 2024 às 19:21
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Relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos concluiu que falha mais significativa foi o facto dos agentes não terem confrontado de imediato o atirador.

A polícia do Texas falhou na resposta aotiroteio de 2022 na escola primária de Uvalde, no Texas, que matou 19 crianças e dois professores, divulgou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla inglesa) esta quinta-feira.

REUTERS/Marco Bello

O relatório de 575 páginas detetou falhas na resposta ao ataque que ocorreu a 24 de maio de 2022, tendo concluído que houve "falhas em cascata de liderança, tomada de decisões, táticas, política e treinamento". O relatório sublinha que a falha mais significativa foi o facto dos agentes não reconhecerem de imediato que se tratava de uma situação de atirador ativo e deviam ter confrontado o atirador, que se encontrava com as vítimas em duas salas de aula adjacentes. Demorou cerca de 77 minutos até o atirador ser morto pela equipa tática da polícia.

"As vítimas e os sobreviventes do tiroteio em massa na Robb Elementary School mereciam melhor", afirmou o procurador-geral norte-americano Merrick Garland. "A resposta da polícia na Robb Elementary a 24 de maio de 2022, e a resposta dos funcionários nas horas e dias seguintes, foi um fracasso", lamentou.

Os primeiros agentes que chegaram ao local tentaram entrar na sala de aula, no entanto, após serem confrontados com tiros, decidiram abordar a situação como um "cenário de sujeito barricado" e não como um tiroteio ativo.

Após esta situação, a polícia focou-se em evacuar as salas de aula que continham crianças e professores, e em solicitar mais recursos policiais. Mesmo após surgirem provas de que várias pessoas estavam presas com o atirador, as autoridades mantiveram o "cenário de sujeito barricado", segundo o relatório.

A ProPublica e o Tribune, jornais norte-americanos, também revelaram que alguns agentes tiveram receio de enfrentar o atirador devido ao facto do mesmo ter uma espingarda AR-15.

O relatório, que descreve em pormenor os resultados da "Análise de Incidentes Críticos", foi efetuado pelo Gabinete de Serviços de Policiamento Orientado para a Comunidade, e anunciado apenas cinco dias após o tiroteio. Foi liderado pelo xerife do condado de Orange, John Mina, o comandante do incidente durante o massacre de 2016 na discoteca Pulse, em Orlando.

Na análise ao tiroteio na escola primária de Uvalde, a equipa federal analisou mais de 14100 dados e documentação, incluindo políticas, registos de formação, imagens das câmaras corporais das autoridades, gravações áudio, transcrições de entrevistas e fotografias.

A equipa visitou a escola nove vezes, tendo passado 54 dias no local. Realizou mais de 260 entrevistas com 30 organizações e agências, incluindo agentes da autoridade, trabalhadores da escola, médicos, sobreviventes e famílias das vítimas.

Desde um tiroteio em 1999 na escola secundária de Columbine, que matou 12 adolescentes e um professor, as  autoridades americanas tem vindo a ser treinadas para dar prioridade à detenção do atirador, enquanto o resto, inclusive a segurança dos agentes, é meramente secundário.

"Estes esforços devem ser empreendidos independentemente do equipamento e do pessoal disponível", concluiu o relatório.

O tiroteio na escola primária de Uvalde, zona rural do sudoeste do Texas, foi levado a cabo por um antigo aluno, Salvador Ramos de 18 anos. Foi considerado um dos tiroteios em escolas mais mortíferos da história dos Estados Unidos, tendo morrido dezanove alunos, com idades compreendidas entre os 9 e os 11 anos, juntamente com dois professores.

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