Francisco foi internado com pneumonia e entretanto foi revelado que o seu quadro clínico se complicou. À SÁBADO, o infecciologista Jaime Nina explica que "é uma causa de morte que não é rara", dependendo do estado em que está o aparelho respiratório.
O quadro clínico do Papa Francisco voltou a agravar-se. OSumo Pontífice, de 88 anos, foi diagnosticado com uma "infeção polimicrobiana", informou esta segunda-feira o Vaticano. Segundo o infecciologista Jaime Nina, este diagnóstico não é sinónimo de boas notícias. "Não vamos ter o Papa Francisco por muito mais tempo, o que é uma pena, até porque tem feito um trabalho excelente."
REUTERS/Guglielmo Mangiapane
À SÁBADO o especialista explica que esta infeção é "particularmente comum em idosos". Num "lar de 50 idosos" cerca de "um terço" é capaz de morrer desta causa, aponta. "Esta infeção é consequência de problemas anteriores: são os cerca de 80 anos que o senhor tem. Por isso, pode ser algo complicado. É uma causa de morte que não é rara."
O que é uma infeção polimicrobiana?
Uma infeção polimicrobiana pode ser causada por vírus, bactérias, fungos e parasitas, mas no caso do Papa deverá ter sido gerada por "multibactérias". De acordo com Jaime Nina, "acontece quando as pessoas, por norma idosos, sofrem uma pneumonia por aspiração".
"Aquilo que acontece é que se engasgam, e depois as bactérias que estão na boca ou em pequenos alimentos acabam por ir parar à árvore respiratória", detalha. "Quando as pessoas são novas têm reflexos rápidos. Ou seja, passam por minutos desagradáveis mas passa. No caso dos idosos, o mecanismo não é suficiente. Os espirros saem mais fraquinhos, não sendo por isso possível deitar fora aquilo que está a incomodar."
O Papa Francisco encontra-se internado no hospital Gemelli há já quatro dias, tendo dado entrada para tratar uma pneumonia. A recuperação parecia estar a correr bem, com uma melhoria dos sintomas, até que esta segunda-feira foi anunciada a alteração do quadro clínico, que levou a mudança no tratamento, adiantou o Vaticano. Segundo Jaime Nina, o tratamento da infeção polimicrobiana "depende da gravidade" do diagnóstico. Por norma, consiste em "assegurar que se respira o suficiente, eliminar bactérias e esperar que o que existe do sistema de limpeza da árvore respiratória seja o suficiente."
A saúde do Papa Francisco tem sido motivo de preocupação dos fiéis, pelo menos nos últimos dois anos. A 9 de fevereiro uma bronquite interrompeu a leitura da homilia. Algo semelhante aconteceu no ano passado, quando teve uma bronquite em janeiro, março e novembro.
Além das questões respiratórias, Francisco magoou o queixo em dezembro de 2024 na sequência de uma queda, e já em janeiro deste ano, fez uma contusão no antebraço direito depois de uma nova queda, anunciou o Vaticano num breve comunicado. Do histórico de saúde de Francisco faz ainda parte um caso grave de pneumonia que o levou a retirar parte de um pulmão com apenas 21 anos.
Mas os problemas não se ficam por aqui. Francisco teve também problemas abdominais devido a uma diverticulite, uma doença gastrointestinal. No ano passado, teve até que cancelar uma viagem aos Emirados Árabes Unidos. Em 2023 chegou a ficar internado durante nove dias depois de ter passado por uma extensa cirurgia ao intestino, e em 2021 teve de remover parte do cólon.
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