As forças de Israel já vieram afirmar que os casos são uma "violação de ordens e procedimentos", e que seriam investigados. "A conduta das forças no vídeo do incidente não está em conformidade com os valores das IDF", disseram.
Dias depois de as imagens de umpalestiniano amarrado ao capô de um jipedo exército israelita na cidade de Jenin, na Cisjôrdania, se tornarem virais, provocando indignação internacional, mais dois homens vieram a público relatar que passaram pelo mesmo.
REUTERS/Raneen Sawafta
Samir Dabaya, de 25 anos, que se encontra hospitalizado, afirmou à BBC que foi baleado nas costas pelas Forças de Defesa Israelitas (IDF) durante uma operação militar em Jabariyat, tendo ficado deitado de barriga para baixo e a sangrar durante horas, até os soldados o virem avaliar.
Após a verificação de que ainda se encontrava vivo, foi espancado, antes de ser apanhado, levado até ao jipe e atirado para cima do mesmo. "Tiraram-me as calças. Eu queria agarrar-me ao carro, mas um soldado bateu-me na cara disse para não o fazer, e depois começou a conduzir", disse Samir Dabaya. "Estava à espera da morte."
Já Hesham Isleit também afirmou que foi baleado duas vezes, tendo depois sido forçado a entrar no jipe militar. Mencionou que houve tiros dos dois lados, tendo tentado fugir, mas foi atingido na perna.
Em seguida, o exército israelita recolheu Hesham Isleit, e outro homem que ainda não foi identificado. "Mandaram-nos levantar e despiram-nos", disse o palestiniano. "Depois pediram-nos para ir para a frente do jipe. O carro estava tão quente para parecia fogo."
O mesmo acrescentou ainda que: "Estava descalço e despido. Tentei pôr a minha mão no jipe e não consegui, estava muito quente. Disse-lhes que estava muito quente e eles obrigaram-me a subir [para o jipe]. Disseram-me que se não queria morrer, devia fazê-lo."
As IDF, em resposta ao vídeo de um homem, identificado como Mujahid Abadi Balas, amarrado ao capô de um carro, defenderam tratar-se de uma "violação de ordens e procedimentos", e que o caso seria investigado. "A conduta das forças no vídeo do incidente não está em conformidade com os valores das IDF", afirmaram.
No dia 23 de junho, um vídeo de um palestiniano amarrado ao jipe de militares israelitas tornou-se viral, tendo provocado indignação internacional. O exército afirmou que estava em Jabariyat, na Cisjordânia, para prender suspeitos procurados, e que durante a operação "terroristas abriram fogo contra as tropas", tendo respondido também com fogo.
Mujahid Abadi Balas relatou ao jornal espanhol El País, que não esperava sobreviver à experiência e que estava a fazer as suas últimas orações, enquanto estava deitado sobre o veículo em movimento. O palestiniano de 22 anos, afirmou que estava em casa do tio juntamente com os sobrinhos, quando ouviu através de um grupo de Whatsapp que as tropas israelitas estavam a invadir a zona.
Quando saiu do edifício foi abordado com tiros. "Quando dei por mim, tinha levado um tiro no braço", disse Mujahid Abadi Balas ao El País. "Senti-o cair, a força esvaiu-se." Ao tentar fugir, foi baleado mais uma vez, mas desta vez na perna direita.
Foi aqui que o jipe militar entra em cena. "Depois de confirmaram que não tinha nada comigo [uma arma], desceram do jipe e começaram a bater-me na cara, cabeça e nos locais dos meus ferimentos", recordou o palestiniano. "Os soldados agarram-me pelos pulsos e pelos tornozelos, e balançaram-me para a direita e para a esquerda antes de me atirarem para o ar."
Aqui foi levantado e balançado, antes de ser atirado para cima do jipe. "Da primeira vez falharam e eu acabei no chão. A segunda vez, [acertaram] no capô. "Um deles tirou-me uma fotografia e perguntou-me o meu nome."
Depois disto, o jipe começou a andar. "Estava a agarrar-me com todas as minhas forças à grelha que protege o vidro da frente do jipe", recordou Mujahid Abadi Balas. Os soldados transportaram-no para uma casa onde havia mais tropas, verificaram os seus dados, perante o facto de não ser suspeito nem de estar armado entregaram-no ao Crescente Vermelho.
As imagens dele em cima do jipe surgiram online, como no vídeo que reproduzimos em baixo. (Atenção que as imagens que se seguem pode ferir sensibilidades.)
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O grupo israelita de defesa dos direitos humanos, B’Tselem, tem estado a analisar e a acompanhar os casos. "É mais radicalizada, mais brutalizada, mais extrema", afirmou Shai Parnes, porta-voz da B’Tselem sobre a violência contra os palestinianos na Cisjordânia ter atingido níveis recordes. "Desde 7 de outubro, mais de 500 palestinianos foram mortos, mais de 100 dos quais menores, e todos os dias há invasões de cidades palestinianas."
A cidade de Jenin tem sido alvo de ataques israelitas desde o ataque do Hamas a 7 de outubro, no sul de Israel. Vários militares israelitas têm continuado a patrulhar o campo de Jenin, onde estão baseados combatentes apoiados pelo Hamas e pela Jihad Islâmica.
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