Secretário-geral da NATO deu conferência com ministro ucraniano e responsável da UE pelos Negócios Estrangeiros.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, e o secretário-geral da NATO Jens Stoltenberg deram uma conferência de imprensa conjunta em Bruxelas, em que reagiram ao discurso do Estado da Nação de Putin.
REUTERS/Johanna Geron
O secretário-geral da NATO sublinhou que o Presidente russo, Vladimir Putin, é que é o agressor na ofensiva lançada na Ucrânia e hoje mesmo demonstrou que "está a preparar-se para mais guerra".
Stoltenberg deplorou o discurso do Estado da Nação proferido hoje por Putin e o seu anúncio de que a Rússia suspende a participação no tratado New START, o último pacto de controlo de armas nucleares que restava com os Estados Unidos.
Reagindo ao discurso de Putin, que acusou o Ocidente de querer impor à Rússia uma "derrota estratégica" na Ucrânia e acabar com o país "de uma vez por todas", argumentando que a ameaça ocidental contra a Rússia justificava a invasão da Ucrânia, Stoltenberg sublinhou que, "há um ano, o Presidente Putin lançou a guerra ilegal contra um vizinho pacífico".
"Os factos estão claramente à vista de todos. Ninguém está a atacar a Rússia. A Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima da agressão. E nós apoiamos o direito da Ucrânia à autodefesa, contemplado na Carta das Nações Unidas", declarou.
O secretário-geral da Aliança Atlântica reforçou que "é o Presidente Putin que iniciou esta guerra imperialista de conquista, é Putin que continua a escalar a guerra".
"Pensou que podia destruir a Ucrânia e dividir-nos, mas subestimou a determinação do povo ucraniano na defesa da sua pátria e subestimou a nossa unidade".
Segundo Stoltenberg, um ano depois de ter lançado a invasão russa, não há qualquer "sinal de que o Presidente Putin esteja a preparar-se para a paz, pelo contrário".
"Tal como deixou hoje claro, está a preparar-se para mais guerra. A Rússia está a lançar mais ofensivas, a mobilizar mais tropas e a virar-se para a Coreia do Norte e Irão. Também estamos cada vez mais preocupados com a possibilidade de a China planear apoio militar para a guerra da Rússia", disse.
O secretário-geral da NATO insistiu que "Putin não pode ganhar" esta guerra, pelo que é necessário "manter e reforçar o apoio à Ucrânia".
"Temos de dar à Ucrânia aquilo de que precisam para ganhar e prevalecer como uma nação soberana independente na Europa", disse.
Stoltenberg disse ainda deplorar "a decisão de hoje da Rússia de suspender a sua participação no tratado ‘New START’", e convidou o Kremlin a repensar esta decisão, com a qual, frisou, "toda a arquitetura de controlo de armas foi desmantelada".
No seu discurso sobre o Estado da Nação, hoje proferido em Moscovo, Vladimir Putin garantiu que a Rússia alcançará os seus objetivos na Ucrânia "passo a passo", ao mesmo tempo que descreveu o momento que o país vive como "difícil".
"Há um ano, para proteger as pessoas nas nossas terras históricas, para garantir a segurança do nosso país, para eliminar a ameaça representada pelo regime neonazista que surgiu na Ucrânia após o golpe de 2014, foi tomada a decisão de conduzir uma operação militar especial", disse Putin, no seu discurso sobre o Estado da Nação perante as câmaras do Parlamento.
Putin sublinhou: "passo a passo, com cuidado e consistência, vamos resolver as tarefas que enfrentamos".
Desde 2014, avançou que o Donbass "lutou, defendeu o direito de viver em sua própria terra, falar sua língua nativa, lutou e não desistiu sob as condições do bloqueio e bombardeios constantes, o ódio indisfarçável do regime de Kiev e acreditaram e esperaram que a Rússia viesse em seu socorro".
O chefe do Kremlin disse que, entretanto, a Rússia fez "todo o possível" para resolver o problema por meios pacíficos e "negociou pacientemente" uma saída pacífica deste conflito "muito difícil".
"Mas um cenário completamente diferente estava a ser preparado pelas nossas costas. As promessas dos governantes ocidentais, as suas garantias sobre o desejo de paz em Donbass acabaram sendo, como vemos agora, uma falsidade, uma mentira cruel", disse.
Putin considerou ainda que o Ocidente "simplesmente ganhou tempo", envolveu-se "em truques e fechou os olhos para assassinatos políticos, repressões do regime de Kiev, troça dos crentes e cada vez mais encorajou os neonazistas ucranianos a liderar ações terroristas em Donbass".
"E quero enfatizar que, mesmo antes do início da operação militar especial, Kiev estava a negociar com o Ocidente o fornecimento de sistemas de defesa aérea, aeronaves de combate e outros equipamentos pesados para a Ucrânia", alegou, enquanto acusava, novamente, a Ucrânia de ter tentado "adquirir armas nucleares".
Putin também acusou os Estados Unidos e a NATO de "implantar rapidamente as suas bases militares e laboratórios biológicos secretos perto das fronteiras" da Rússia, de "dominar o teatro de futuras operações militares com manobras" e de preparar uma "Ucrânia escravizada para uma grande guerra".
Borrell anuncia treino de 30 mil ucranianos. Kuleba pede coordenação
Josep Borrell, o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, assinalou o "apoio contínuo à Ucrânia, desde o primeiro dia da invasão da Rússia contra a Ucrânia" de que o encontro é uma "demonstração clara".
"Temos lançado um grande programa de treino, que treinará 30 mil militares ucranianos", adiantou. Apelou ainda ao apoio da comunidade internacional à Ucrânia, "que precisa de todo o apoio que podemos dar".
Acerca da China, Borrell recordou a relação com Wang Yi, que é o responsável pela política externa do Partido Comunista Chinês. "Tive uma conversa franca com ele, é um amigo e foi muito claro. Ele trabalha e continua a trabalhar no sentido de a China não fornecer armas a países em guerra. Disse-me que não fornecem armas à Rússia, é um princípio basilar para o Ministério dos Negócios Estrangeiros", frisou. "Tanto quanto sei, não há qualquer evidência de que a China faça algo que alegue não estar a fazer".
Dmytro Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros, afirmou que apesar de existir capacidade para produzir e entregar munições à Ucrânia, faltava coordenação para a sua entrega no campo de batalha. "A capacidade de produzir armas está lá. A capacidade de as entregar também. Por isso precisamos de coordenação para as entregar e foi o que discutimos hoje."
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