Sábado – Pense por si

Museu do Louvre reabriu hoje parcialmente, apesar de os funcionários manterem greve

Lusa 20:13
As mais lidas

O número de áreas abertas ao público não foi divulgado.

O Museu do Louvre, em Paris, encerrado desde segunda-feira devido a uma greve dos trabalhadores, reabriu hoje parcialmente, apesar da decisão unânime dos funcionários de manterem a mobilização.

Trabalhadores do Museu do Louvre em greve por melhores condições de trabalho
Trabalhadores do Museu do Louvre em greve por melhores condições de trabalho

Numa assembleia geral realizada hoje de manhã, cerca de 300 funcionários votaram unanimemente a manutenção do pré-aviso de greve, que protesta contra a falta de pessoal, a deterioração do edifício e o aumento do preço dos bilhetes para não europeus, segundo os representantes do sindicato.

O Ministério da Cultura francês, que está na linha da frente desta questão, apresentou propostas para tentar apaziguar os ânimos, mas estas foram rejeitadas pelos funcionários.

"São propostas inaceitáveis", disse à agência noticiosa francesa France Presse (AFP) Gary Guillaud, do sindicato CGT, o maior do museu mais visitado no mundo.

A greve acontece cerca de dois meses depois do mais recente assalto ao museu, quase três semanas após uma inundação na biblioteca de antiguidades egípcias, provocada pelo rompimento de um cano, e depois de reuniões entre os sindicatos e o Governo, que, segundo os representantes dos trabalhadores, não trouxeram nada de novo em termos de melhorias para os funcionários.

A carregar o vídeo ...

O Louvre permaneceu encerrado na terça-feira, o seu dia habitual de encerramento semanal, e na quarta-feira. Apesar dos protestos em curso, o museu reabriu hoje parcialmente, e os primeiros visitantes começaram a entrar no edifício pouco antes do meio-dia, observaram os jornalistas da AFP.

"É uma experiência cultural francesa inesperada!", exclamou uma turista australiana, Jodie Bell, olhando para as bandeiras do Reino Unido exibidas em frente à pirâmide no exterior do Museu, relata a AFP.

O número de áreas abertas ao público não foi divulgado. "Algumas salas do Museu do Louvre estão excecionalmente encerradas", declarou a instituição num comunicado 'online', pedindo desculpa pelo "inconveniente causado".

Na passada segunda-feira, foi realizada uma reunião de emergência com representantes sindicais no Ministério da Cultura, numa tentativa de conter a indignação dos funcionários, segundo a AFP, na sequência do roubo de joias, em 19 de outubro, e da inundação do passado dia 27 de novembro, pelo rompimento de um cano, na biblioteca de antiguidades egípcias, no Pavilhão Mollien.

Na altura, a publicação francesa especializada La Tribune de l'Art destacou que o alegado estado deplorável das instalações neste pavilhão contrasta fortemente com os 276 mil euros gastos essencialmente em mobiliário para os gabinetes da diretora do Louvre, Laurence des Cars, do administrador-geral e de vários outros funcionários.

Além de cancelar o corte orçamental de 5,7 milhões de euros previsto para o Louvre em 2026, o Ministério da Cultura propôs a redistribuição de funcionários e a abertura de processos de seleção específicos para os setores de atendimento ao visitante e de segurança do museu. Comprometeu-se também com um bónus único, enquanto os sindicatos exigem um aumento permanente da remuneração.

Três reuniões já foram realizadas no Ministério desde a semana passada.

Em 22 de outubro, três dias após o roubo das joias, a diretora do Louvre, Laurence des Cars, reconheceu uma "falha" perante o senado francês, mas defendeu as suas decisões, afirmando que tinha "acelerado o desenvolvimento" do plano diretor de segurança.

Desde então, porém, revelações embaraçosas enfraqueceram a diretora, que assumiu o controlo do museu no final de 2021.

Laurence des Cars teve de admitir que só teve conhecimento de uma auditoria de segurança alarmante de 2019 após o arrombamento, e o Tribunal de Contas destacou recentemente os "atrasos persistentes" que afetam o plano diretor de segurança, cuja aplicação ainda não começou.

A gestão de segurança do museu foi também alvo de fortes críticas por parte de uma investigação administrativa instaurada após o assalto de 19 de outubro, feito em pleno dia, quando um comando de quatro elementos entrou no edifício através de uma varanda, a que acedeu por elevador móvel, tendo roubado joias avaliadas em 88 milhões de euros, incluindo a tiara da imperatriz Eugénia, mulher de Napoleão III, incrustada com cerca de 2.000 diamantes.

Os quatro membros do comando foram detidos, mas as joias continuam desaparecidas.

Artigos Relacionados
A lagartixa e o jacaré

Dez observações sobre a greve geral

Fazer uma greve geral tem no sector privado uma grande dificuldade, o medo. Medo de passar a ser olhado como “comunista”, o medo de retaliações, o medo de perder o emprego à primeira oportunidade. Quem disser que este não é o factor principal contra o alargamento da greve ao sector privado, não conhece o sector privado.

Adeus, América

Há alturas na vida de uma pessoa em que não vale a pena esperar mais por algo que se desejou muito, mas nunca veio. Na vida dos povos é um pouco assim também. Chegou o momento de nós, europeus, percebermos que é preciso dizer "adeus" à América. A esta América de Trump, claro. Sim, continua a haver uma América boa, cosmopolita, que gosta da democracia liberal, que compreende a vantagem da ligação à UE. Sucede que não sabemos se essa América certa (e, essa sim, grande e forte) vai voltar. Esperem o pior. Porque é provável que o pior esteja a chegar.