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Médio Oriente: Hamas aceita partes do plano de paz de Trump e quer negociar outras

Lusa 21:25
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O Hamas afirmou estar disposto a libertar reféns de acordo com a "fórmula" do plano e reiterou a sua já expressa abertura à transferência do poder para um órgão palestiniano politicamente independente.

O movimento islamita palestiniano Hamas afirmou esta sexta-feira aceitar alguns elementos do plano de paz do Presidente norte-americano, incluindo a libertação dos restantes reféns, mas quer negociar outros. 

Hamas aceita libertar reféns, mas quer negociar futuro de Gaza com fações palestinianas
Hamas aceita libertar reféns, mas quer negociar futuro de Gaza com fações palestinianas AP Photo/Abdel Kareem Hana, file

Em comunicado, o Hamas afirmou estar disposto a libertar reféns de acordo com a "fórmula" do plano, que prevê a libertação dos restantes indivíduos capturados pelo movimento no ataque a Israel há dois anos, e reiterou a sua já expressa abertura à transferência do poder para um órgão palestiniano politicamente independente.

O movimento acrescentou estar pronto para negociações imediatas para discutir os "detalhes" da libertação dos reféns, vivos e cadáveres.

Ressalvou, contudo, que aspetos da proposta referentes ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos palestinianos devem ser decididos com base numa posição palestiniana comum, firmada com outras fações e fundamentada no direito internacional.

Estes aspetos "serão discutidos através de um enquadramento nacional palestiniano abrangente no qual o Hamas participará e para o qual contribuirá de forma responsável", refere a nota. 

A declaração também não menciona o desarmamento do Hamas, exigência israelita fundamental incluída na proposta do Presidente norte-americano, Donald Trump.

A posição do Hamas é assumida "para alcançar a cessação da guerra e a total retirada da Faixa" pelas forças israelitas e já foi transmitida aos mediadores, refere o movimento.

O anúncio foi feito poucas horas depois de Trump fazer um ultimato ao Hamas até às 23:00 de domingo, hora de Lisboa, para aceitar o seu plano de paz para Gaza.

Na mensagem, Trump avisa que, se o acordo “de última hora” não for alcançado, “o caos instalar-se-á contra o Hamas como nunca antes”, acrescentando que a maioria dos combatentes do movimento se encontra “cercada e militarmente encurralada”, e poderão ser "rapidamente exterminados”. 

O Presidente apela também “a todos os palestinianos inocentes” para que abandonem “imediatamente esta área potencialmente mortal” rumo a zonas mais seguras, sem especificar a que áreas se referia. 

O plano de Trump, divulgado na semana passada, propõe um cessar-fogo, a libertação dos reféns em 72 horas e o desarmamento do Hamas, acompanhado de um esquema de reconstrução de Gaza com apoio internacional. 

Washington tem promovido a criação de uma “zona humanitária” em Al-Mawasi, na costa de Gaza, como destino sugerido para civis deslocados, sendo essa uma das alternativas evocadas nas redes e por responsáveis norte-americanos.  

A ameaça norte-americana ocorre num contexto de forte escalada na Faixa de Gaza: Israel lançou uma ofensiva de larga escala em meados de setembro, com as operações concentradas na Cidade de Gaza, considerada por Telavive o último bastião do Hamas. 

Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis. 

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, cerca de 40 dos quais continuam em cativeiro. 

A guerra na Faixa de Gaza fez dezenas de milhares de mortos, de acordo com números das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos, e um desastre humanitário que tem forçado cerca de dois milhões de residentes a deslocarem-se repetidamente dentro do enclave. 

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