No cemitério de Derna, mais de 700 corpos amontoados aguardam identificação pelas autoridades líbias. A Turquia enviou três aviões, dois veículos e dois barcos para ajudar nas operações de busca e salvamento.
Na Líbia, 10 mil pessoas estão desaparecidas devido às cheias devastadoras provocadas pela tempestade Daniel, segundo a informação avançada esta terça-feira pela Cruz Vermelha. O número de mortos aumentou para 3 mil. "O número de pessoas desaparecidas está na casa dos milhares e o número de mortos deverá chegar a 10 mil", disse o ministro da Saúde, Othman Abdel Jalil, ao canal de televisão Al-Massar.
Libya Al-Hadath/Handout via REUTERS
A tempestade, a mesma que afetou a Grécia na semana passada e que matou 18 pessoas, já provocou o caos nas cidades. Em Derna, bairros inteiros foram destruidos, as comunicações interrompidas, e no cemitério existem mais de 700 corpos amontoados, à espera que sejam identificados pelas autoridades locais. "A situação na cidade de Derna está a tornar-se mais trágica e não existem estatísticas finais sobre o número de vítimas", disse Jalil. "Muitos bairros estão inacessíveis."
Já o ministro da Aviação Civil, Hichem Chkiouat, disse à Reuters que a situação em Derna era desastrosa. "Os corpos estão por toda a parte, no mar, nos vales, sob os edifícios. Não estou a exagerar quando digo que 25% da cidade desapareceu. Muitos, muitos edifícios desabaram."
De acordo com o presidente turco, Tayyip Erdogan, a Turquia já enviou para a Líbia três aviões com tendas, alimentos, produtos de higiene e roupa. A bordo estão 168 pessoas, incluindo uma equipa de resgate. A caminho vão também dois veículos de busca e salvamento, e dois barcos de resgate.
Libya’da meydana gelen sel felaketi nedeniyle hayatini kaybeden kardeslerimize Allah’tan rahmet, yaralilara acil sifalar diliyorum. Türkiye, Libya halkinin yanindadir.
AFAD’imizin koordinasyonunda bu sabaha karsi Bingazi’ye inis yapmak üzere 3 uçus organize edilmistir.…
Imagens divulgadas pelo Ministério da Defesa mostram um avião a levantar voo, na manhã de terça-feira. Os outros dois deverão partir no final do dia desta terça-feira.
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Vários habitantes têm criticado o alegado ritmo lento das equipas de socorro. Nas redes sociais, vídeos mostram cidadãos desesperados a apelar por ajuda e por informações sobre os seus familiares desaparecidos, enquanto a água lamacenta engole as casas.
"As casas nos vales que estavam na linha de inundação foram varridas por fortes correntes de água lamacenta que transportavam veículos e detritos", disse um porta-voz da Autoridade de Emergência da Líbia, Osama Ali.
Num relatório de 2022, já tinha sido dado o alerta que caso surgisse uma inundação semelhante à de 1959 era "provável que provocasse o colapso de uma das duas barragens, tornando assim os residentes do vale e da cidade de Derna vulneráveis". Um ano depois o colapso de uma das barragens aconteceu.
"As condições climáticas, os níveis da água do mar, as chuvas e a velocidade do vento não foram bem estudados, e não houve evacuação de famílias que poderiam estar no caminho da tempestade e nos vales", acrescentou Osama.
Na segunda-feira, dia 11, já tinham sido dadas como mortas 2 mil pessoas e 1.200 estavam desaparecidas. Na altura, as autoridades locais previam que o número de desaparecidos aumentasse para cerca de 5 mil, no entanto, as contas duplicaram.
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O Estado português falha. Os sucessivos governos do país, falham (ainda) mais, numa constante abstração e desnorte, alicerçados em estratégias de efeito superficial, improvisando sem planear.
A chave ainda funcionava perfeitamente. Entraram na cozinha onde tinham tomado milhares de pequenos-almoços, onde tinham discutido problemas dos filhos, onde tinham planeado férias que já pareciam de outras vidas.