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Kremlin nega estar por detrás de morte de Prigozhin

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 25 de agosto de 2023 às 13:16
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Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, pediu que os comentários ao acidente sejam "baseados em factos".

"Mentira absoluta": assim classifica o Kremlin as sugestões ocidentais de que Putin possa estar por detrás do acidente que levou à queda do avião onde seguia Yevgeny Prigozhin eoutros membros sénior do grupo Wagner.

REUTERS/Stringer

Apesar de ogrupo Wagner já ter anunciado a morte do seu líder,o Kremlin recusou-se a confirmá-la, uma vez que considera necessário esperar pelos resultados dos testes que estão a ser realizados aos corpos. Ainda assim VladimirPutin enviou as condolências à famíliado mercenário ainda durante a tarde de quinta-feira e referiu que as "informações preliminares" o faziam acreditar que Prigozhin e os seus principais associados tinham morrido.

A Aviação Civil russa já tinha confirmado que o nome de Prigozhin se encontrava entre os nomes da lista de passageiros a bordo do jato particular que se despenhou na quarta-feira.

Alguns políticos e comentadores ocidentais têm referido, sem apresentar provas, que o acidente terá sido causado por Putin como resposta ao motim fracassado iniciado pelo líder do grupo paramilitar nos dias 23 e 24 de junho para pedir a demissão do ministro da Defesa e do Chefe do Estado Maior do Exército russo. Este motim, apesar de ter fracassado, tem sido considerado o maior desafio enfrentado pelo governo de Putin desde que este chegou ao poder, em 1999.

Esta sexta-feira Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, defendeu numa conferência de imprensa que a "especulação em torno deste acidente de avião e das trágicas mortes dos passageiros do avião" é apresentada no Ocidente seguindo "um ângulo bem conhecido", mas que "é uma mentira absoluta". Pediu ainda que os comentários sejam "baseados em factos".

"Ainda não há muitos factos. Eles precisam de ser apurados no decorrer das ações investigativas", continuou Dmitry Peskov. As autoridades russas abriram uma investigação sobre o acidente mas ainda não avançaram com informações sobre o que pode ter causado a queda repentina, nem confirmaram oficialmente as identidades dos dez corpos encontrados. Neste momento estão a ser realizados "todos os testes necessários, incluindo genéticos", partilhou o porta-voz do Kremlin: "Assim que estiverem prontos para serem publicados, serão publicados".

Questionado sobre o futuro do Grupo Wagner, que tem uma série de contratos lucrativos em toda a África, mas que agora parece sem liderança, Dmitry Peskov afirmou apenas: "Não posso falar sobre isso agora, não sei".

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