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Francês que drogou mulher e deixou que estranhos a violassem criou "discípulos"

Dominique Pélicot terá inclusive violado a mulher deste discípulo depois de lhe fornecer sedativos para permitir o crime.

Dominique Pélicot, o homem que drogava a mulher para que esta fosse violada por estranhos, criou seguidores que utilizavam os seus métodos com as suas próprias mulheres. Jean-Pierre, um dos homens em julgamento no caso de violações à mulher de Pélicot, imitou o método usado pelo arguido em sua própria casa, igualmente em Mazan, França, violando a mulher e convidando Dominique para também abusar dela. 

REUTERS/ZZIIGG

Os arguidos ter-se-ão conhecido numa sala de chat chamada "Against her knowledge" ("Sem o seu conhecimento") e viviam na mesma zona, foi revelado esta quarta-feira no tribunal de Avinhão. 

Pélicot, de 71 anos, assumiu ser culpado de drogar e atacar a mulher: "Eu adormecia-a, ofereci-a e filmei". Segundo a polícia francesa, entre 2011 e 2020 Dominique Pélicot misturou comprimidos para dormir e ansiolíticos ao jantar da sua mulher ou ao seu copo de vinho e convidou homens para abusar de Gisèle na casa do casal em Mazan, na Provença. O contacto com os outros homens era feito através de um fórum online chamado "Sem ela saber", onde os seus membros descreviam a sua preferência por relações não consentidas. 

Durante a investigação a Pélicot, a polícia encontrou um arquivo denominado como "abusos" que continha mais de vinte mil imagens e vídeos de Gisèle a ser violada. Gisèle, a vítima, relatou o momento, em novembro de 2020, em que a polícia lhe mostrou pela primeira vez as imagens: "O meu mundo desabou. Para mim, tudo estava desabando, tudo o que tinha construído ao longo de 50 anos". A francesa afirmou que nesse momento teve vontade de morrer. A mulher afirmou que mal se reconheceu nas imagens e que estava completamente imóvel, recordando: "Eles olhavam para mim como uma boneca de pano, como um saco de lixo". Questionada pelos juízes se os abusos lhe tinham causada problemas ginecológicos, Gisèle disse que sim e que durante a investigação teve de fazer vários exames médicos que revelaram que estava infetada com várias doenças sexualmente transmissíveis. 

Durante a sessão no tribunal Gisèle recordou que se casou com Dominique quando ambos tinham 21 e que tiveram três filhos e sete netos. Durante todo o relacionamento eram muito próximos: "Não éramos ricos, mas éramos felizes. Até os nossos amigos diziam que éramos o casal ideal".

Em julgamento, além de Dominique Pélicot, encontram-se cinquenta homens de vários campos da sociedade como um vereador local, enfermeiros, um jornalista, em antigo polícia, um guarda prisional ou um bombeiro, com idades entre os 26 e os 73 anos. Ficaram ainda por identificar mais de 30 homens que também se encontravam nas gravações.

Muitos dos suspeitos negaram as acusações, afirmando que não sabiam que não estavam a ter uma relação consentida e acusando Dominique de os enganar.

O julgamento deve ter uma duração de cerca de quatro meses e todos os réus enfrentam uma pena de até vinte anos de prisão se forem condenados por violação agravada.

Jean-Pierre, de 63 anos e antigo caminonista, terá entrado em contacto com Pélicot para saber como adquirir drogas para sedar a sua mulher e violá-la. Terá sido o homem de 71 anos a fornecer as drogas e terá inclusive violado a mulher do amigo. A mulher de Jean-Pierre terá sido violada 12 vezes entre 2015 e 2020. Jean-Pierre confessou ter cometido os crimes de que é acusado.

Dezoito dos 51 arguidos estão detidos, incluindo Pélicot e Jean-Pierre. Os 32 outros arguidos assistem ao julgamento em liberdade. Caso as acusações se confirmem, os suspeitos podem ser condenados a 20 anos de prisão.

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