Sábado – Pense por si

Foguetão Starship atingiu órbita da Terra antes de avariar e cair no oceano Índico

Musk tem vendido a ideia de que, com a Starship, a humanidade poderá "colonizar" Marte, um planeta no qual apenas 18 missões espaciais aterraram, todas elas não tripuladas.

O foguetão Starship, com o qual a SpaceX do magnata Elon Musk está a contar para conquistar Marte, atingiu a órbita terrestre, mas partiu-se e caiu no Índico depois de perder combustível no nono voo de teste.

starship
starship AP Photo/Eric Gay

O lançamento, na terça-feira, foi transmitido em direto em vídeo, com uma contagem decrescente que parou durante vários minutos até que, às 19:37 locais (00:37 de quarta-feira em Lisboa), a nave descolou da Starbase, a recém-nomeada cidade-base perto de Brownsville, na fronteira com o México.

O foguetão, com uma altura de 121 metros, era composto por duas partes: o propulsor Super Heavy, equipado com 33 motores Raptor e reutilizado pela primeira vez após um teste anterior, e uma nave espacial de segunda fase, esta última denominada Starship.

A descolagem foi bem sucedida, tendo em conta que os dois últimos testes terminaram numa explosão poucos minutos depois, mas por volta das 20:32 (01:32 de quarta-feira em Lisboa), a empresa perdeu o contacto com uma nave espacial que já estava a girar e parecia ter perdido as capacidades de orientação.

O responsável pelas comunicações da SpaceX, Dan Huot, um dos apresentadores do evento, atribuiu a "perda de controlo da altitude", necessária para a orientação na reentrada na atmosfera terrestre, a "fugas" de combustível.

Além disso, o foguetão não conseguiu abrir uma porta através da qual vários satélites Starlink simulados deviam ser colocados em órbita pela primeira vez - um dos objetivos da missão, além de monitorizar os escudos que protegem a nave das altas temperaturas.

"A Starship chegou à separação programada do motor da nave espacial, o que representa uma grande melhoria em relação ao último voo", resumiu Musk na rede social X, reconhecendo que a fuga de combustível provocou uma perda de pressão no depósito que levou à falha.

"Como se o voo não fosse suficientemente emocionante, a Starship sofreu uma desmontagem rápida não planeada", disse a empresa na rede social X, acrescentando que o sucesso é uma experiência de aprendizagem e que o teste vai ajudar a "melhorar a fiabilidade" do foguetão.

Mesmo assim, o magnata, que pretende concentrar-se mais nos seus negócios após a polémica participação no Governo de Donald Trump, mostrou-se otimista e disse que os próximos três voos serão menos espaçados, com "um a cada três ou quatro semanas".

Musk tem vendido a ideia de que, com a Starship, a humanidade poderá "colonizar" Marte, um planeta no qual apenas 18 missões espaciais aterraram, todas elas não tripuladas.

Numa entrevista ao Ars Technica antes do lançamento, Musk mostrou-se confiante de que tinha resolvido os problemas dos dois últimos voos de teste e disse que "o mais importante são os dados para melhorar o design das placas" das próximas naves espaciais.

Mais tarde, a Administração Federal de Aviação (FAA) afirmou ter conhecimento de uma "anomalia" na missão e disse que estava a cooperar com a SpaceX, excluindo a possibilidade de danos pessoais ou materiais resultantes da falha e desintegração do foguetão.

Na semana passada, a FAA deu luz verde à SpaceX para aumentar o seu número de voos de teste para 25 por ano, apesar das críticas de grupos ambientalistas.

Artigos Relacionados
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.

Visto de Bruxelas

Cinco para a meia-noite

Com a velocidade a que os acontecimentos se sucedem, a UE não pode continuar a adiar escolhas difíceis sobre o seu futuro. A hora dos pró-europeus é agora: ainda estão em maioria e 74% da população europeia acredita que a adesão dos seus países à UE os beneficiou.