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Ex-jogador do Manchester City e crítico do Ocidente eleito presidente da Geórgia

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 14 de dezembro de 2024 às 12:06
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Mikheil Kavelashvili foi o escolhido pelo parlamento da Geórgia para ocupar o cargo de presidente. Substitui assim a presidente pró-Ocidente e pró-UE que contestou os resulatdos das eleições legislativas de outubro.

O parlamento da Geórgia elegeu Mikheil Kavelashvili como presidente do país. Kavelashvili é um crítico feroz do Ocidente, antigo jogador de clubes como o Manchester City, e defensor muitas vezes de teorias da conspiração. Em vários discursos este ano defendeu que agências secretas ocidentais estão a tentar empurrar a Geórgia para uma guerra com a Rússia.

REUTERS/Irakli Gedenidze

O novo presidente substitui no cargo Salome Zourabichvili, conhecida por ser pró-União Europeia (UE) e pró-Ocidente. Tem sido uma das vozes mais críticas em relação à legitimidade das eleições legislativas de outubro, que tem sido também contestada nas ruas.

Na Geórgia o presidente é eleito por um colégio eleitoral composto por deputados e representantes do governo. Dos 225 eleitores, 224 votaram em Kavelashvili, que era o único candidato nomeado, depois de todos os partidos da oposição terem decidido boicotar o parlamento desde as eleições de outubro, cujos resultados oficiais deram a vitória ao partido Sonho Georgiano, de extrema-direita. A oposição reclama que estas eleições foram fraudulentas.

Como primeira medida, o partido do poder congelou o processo de adesão da Geórgia à UE, pelo menos, até 2028, alterando um objetivo que está inscrito na Constituição do país, e levando à contestação popular.

Contestação essa que voltou às ruas, este sábado. Fora do parlamento, populares jogaram à bola e mostraram cartões vermelhos virados para o edifício, e nem a neve os demoveu de mostrar o descontentamento.

Kavelashvili é o líder do partido Poder do Povo, uma força anti-Ocidente que se separou do partido do poder, e foi co-autor da lei sobre os "agentes estrangeiros" que obrigada as empresas com mais de 20% do seu financiamento vindo do estrangeiro a registarem-se como agentes sob influência externa, impondo pesadas multas para incumprimentos.

A tomada de posse está marcada para 29 de dezembro.

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