Espanha pode tornar-se num dos primeiros países do mundo a aprovar a semana de trabalho de quatro dias. Depois de o governo espanhol ter aprovado na terça-feira a proposta do Más País (extrema-esquerda) lançando para isso um projeto piloto em que as empresas podem testar as 32 horas semanais.
Hero Images/Getty Images
O partido de Iñigo Errejón tinha anunciado a aceitação da sua proposta por parte do governo, em fevereiro. Desde então têm estado em conversações sobre a forma de pôr em prática esta ideia. Na altura, escrevia no Twitter que estava ideia lançava "o verdadeiro debate dos nossos dias".
Con la jornada de 4 días (32h.) hemos abierto un auténtico debate de época. Eso siempre despierta polémicas, porque abre brecha. ¿De qué otra cosa más importante tiene que ocuparse la política que del tiempo de vida? pic.twitter.com/2WhWMEzTkc
Os pormenores do projeto-piloto ainda não são conhecidos, mas o Más propôs três anos de teste e um 50 milhões de euros de financiamento, para que as empresas testem a redução horária com o mínimo risco. Os custos da adoção da semana de quatro dias poderiam, assim, ser cobertos a 100% no primeiro ano, a 50% no segundo e a 33% no terceiro.
Com estas contrapartidas o Más espera que cerca de 200 empresas possam aderir. O partido faz questão, no entanto, de garantir que pretende ver uma redução das horas de trabalho, sem que a isso corresponda uma redução do salário.
Ao Guardian, Héctor Tejero do Más País refere esperar que o projeto entre em funcionamento no outono. "Espanha vai ser o primeiro país a levar a cabo um teste tão alargado."
No país, a empresa Software Delsol está a aplicar desde o ano passado a semana de quatro dias. E, segundo Tejero, tem sido uma experiência positiva: "Têm registado uma redução do absentismo, um aumento da produtividade e os trabalhadores dizem estar mais felizes".
O objetivo é que o piloto seja aplicado a vários setores empresariais tornando-o representativo. Espanha tem uma média de trabalho de 37,5 horas semanais, acima da média europeia qe está nas 37,1.
Da Alemanha à Nova Zelândia A ideia de reduzir a semana de trabalho tem vindo a ganhar adeptos. É vendida pelos seus proponentes como um meio para aumentar a produtividade, melhorar a saúde mental dos trabalhadores e combater as alterações climáticas.
A pandemia pode ter vindo dar mais força a estas propostas em todo o mundo. Um século depois de ter sido criado o fim de semana de dois dias.
Para já esta opção está a ser liderada por empresas tecnológicas. Como a Awin na Alemanha que durante a pandemia começou a dizer aos seus colaboradores para desligarem à sexta-feira à hora de almoço. Os resultados - vendas, envolvimento dos funcionários e satisfação dos clientes - foram tão bons, que no início deste ano a empresa foi mais longe e instituiu a semana de quatro dias de trabalho.
A multinacional Unilever também começou, em dezembro passado, um projeto piloto de um ano na Nova Zelândia.
E os próprios sites de recrutamento admitem que esta ideia de semana de quatro dias tem vindo a ganhar adeptos nos últimos três anos, com mais anúncios a referirem esta oferta.
A atual semana de cinco dias foi criada em 1926 quando Henry Ford decidiu dar dois dias de folga por semana aos seus trabalhadores. Já que acreditava que se houvesse mais tempo de lazer, as pessoas comprariam mais carros.
O número de horas diárias dos trabalhadores também tem vindo a cair na Europa. Nos anos 2000, a França foi o primeiro país a adotar as 35 horas semanais. Em Portugal, nos anos da troika (2011-2014) esse horário voltou a ser aumentado para as 40 horas semanais, tenho já sido revertido em grande parte dos setores económicos.
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