Na segunda-feira, o secretário-adjunto do Departamento de Estado para o Médio Oriente, Stuart Jones, divulgou que Washington tinha fotografias que provavam que as autoridades sírias tinham construído um crematório junto ao estabelecimento prisional de Saidnaya, a norte de Damasco, onde os corpos dos presos eram incinerados para ocultar as provas de execuções em massa.
O Departamento de Estado norte-americano indicou que 50 detidos são enforcados diariamente na prisão militar de Saydnaya, instalação a cerca de 45 minutos de Damasco.
Em declarações à agência noticiosa oficialSANA, a fonte ministerial síria sublinhou que, como as suas antecessoras, a actual administração norte-americana, liderada por Donald Trump, "tinha vindo com uma nova história de Hollywood, afastada da realidade e sem uma investigação pertinente".
A mesma fonte assegurou, no entanto, que o governo de Damasco "não ficou surpreendido com estas declarações que normalmente são feitas antes do início de qualquer ronda política, seja em Genebra ou em Astana (Cazaquistão)".
Em Fevereiro, a Amnistia Internacional já tinha acusado o governo sírio de ter praticado "uma campanha calculada de execuções extra-judiciais" entre 2011 e 2015, na mesma prisão de Saydnaya, que terá resultado na morte de 13 mil pessoas, na sua maioria civis.
"Entre 2011 e 2015, todas as semanas e muitas vezes duas vezes por semana, grupos de até 50 pessoas eram levadas das suas celas prisionais e enforcadas. Em cinco anos, até 13 mil pessoas, a maioria deles civis considerados opositores do governo, foram enforcadas em segredo em Saydnaya", indicou então o relatório da Amnistia Internacional com o título "Matadouro Humano: Enforcamentos e extermínio em massa na prisão de Saydnaya, Síria".