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China chocada com caso de mulher vendida e acorrentada

Sofia Oliveira com Leonor Riso 23 de fevereiro de 2022 às 17:16
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Nove pessoas estão a ser investigadas. Mulher foi acorrentada pelo pescoço. Caso gerou revolta e protestos.

As autoridades chinesas lançaram uma investigação criminal a nove pessoas por estarem ligadas a um vídeo partilhado nas redes sociais, onde aparece uma mulher acorrentada pelo pescoço. De acordo com a Reuters, acredita-se que estaria amarrada desde 2017. O vídeo foi partilhado no dia 28 de janeiro na rede social chinesa Douyin (o Tik Tok chinês).

A situação foi reportada pela televisão estatal CCTV e já conduziu a vários protestos públicos e debates sobre o tratamento das mulheres e o tráfico de noivas.

Além das nove pessoas sob investigação, 17 funcionários da província de Jiangsu, onde o vídeo foi filmado, também podem vir a ser punidos por terem ignorado os maus-tratos a esta mulher de 44 anos.

No vídeo era possível ver a mulher que aparentava estar confusa a não conseguir responder a perguntas sobre se teria frio, devido às temperaturas baixas da região. As investigações, que arrancaram a 17 de fevereiro, determinaram que o nome verdadeiro desta mulher seria Xiao Huamei.

As autoridades acreditam que esta mulher tenha sido vendida, pela primeira vez, por traficantes em Feng, em 1997, por 5 mil yuan (cerca de 706,35 euros). Terá fugido no ano seguinte e acabou depois por ser novamente vendida ao marido que a manteve acorrentada e com quem teve oito filhos, adiantou aCCTV.

O estado mental de Xiao era frágil e terá piorado bastante depois do nascimento do terceiro filho em 2012, segundo revelou a investigação. A mulher foi diagnosticada com esquizofrenia e encontra-se hospitalizada. 

As nove pessoas que estão sob investigação colaboraram na compra e venda da mulher e algumas já foram presas e acusadas de abuso e tráfico de mulheres, afirmou a CCTV. O chefe do Partido Comunista no condado de Feng, Lou Hai, e o governador de Jiangsu, Zheng Chunwei, foram demitidos por não "defenderem os direitos e interesses das pessoas" e por aprovarem a divulgação de declarações incorretas que "causaram má influência grave", segundo a emissora.