De acordo com os jornais norte-americanoNew York Timese o britânico The Observer, a empresa britânica Cambridge Analytica, que foi contratada tanto pelos responsáveis da campanha eleitoral de Trump, como pelos partidários do Brexit, compilou informação de milhões de eleitores a partir do Facebook. A partir desses dados, desenhou um programa informático para antecipar o sentido de votos de milhões de pessoas e tentar influenciar as suas decisões, segundo as notícias publicadas pelos dois jornais. Terão sido afectados 50 milhões de utilizadores.
Num email enviado na segunda-feira à noite pela comissária europeia da Justiça, Vera Jourova, a que a agênciaAFPteve acesso, o executivo comunitário pede também que a rede social norte-americana providencie informação sobre as medidas tomadas para evitar que um novo caso como o da Cambridge Analytica se possa repetir. "Escrevo-vos para melhor compreender como os dados dos utilizadores do Facebook, e particularmente as dos cidadãos da União Europeia, caíram nas mãos de terceiros à sua revelia e sem o seu consentimento", indicou a comissária encarregada da protecção dos consumidores e de dados pessoais, no correio electrónico endereçado à número dois do Facebook, Sheryl Sandberg.
Na missiva, Vera Jourova diz que espera conhecer quais os planos da rede social para enfrentar as recentes revelações, estabelecendo um prazo de duas semanas para obter uma resposta às suas questões.
A comissária questiona especificamente como o Facebook pretende aplicar as regras europeias de confidencialidade de dados e se "os dados dos cidadãos europeus foram afectados por este escândalo recente" ligado à Cambridge Analytica. "Se foi esse o caso, como tencionam informar as autoridades e os utilizadores?", interroga.
As recentes revelações sobre a utilização indevida de dados de utilizadores do Facebook levou os chefes de Estado e Governo da UE, reunidos na última quinta e sexta-feira em Bruxelas, a defender que as redes sociais devem garantir "práticas transparentes e uma protecção total da vida privada e dos dados pessoais dos cidadãos".
Zuckerberg manda adjunto a Londres
Esta terça-feira, o Facebook revelou que o fundador, Mark Zuckerberg, não vai comparecer no Parlamento britânico para responder a perguntas sobre o escândalo da divulgação de dados pessoais, deixando essa tarefa para um dos adjuntos.
Numa carta enviada ao presidente da comissão parlamentar de Assuntos Digitais, Cultura, Media e Desporto, Damian Collins, a responsável das Relações Públicas da rede social, Rebecca Stimson, indica que será um dos adjuntos de Zuckerberg a dar resposta às perguntas dos deputados.
Stimson reconhece na carta que a empresa concorda que estes assuntos "têm de ser abordados ao mais alto nível da empresa por directores em posições de autoridade", e acrescenta que o próprio Zuckerberg "pediu a um dos seus adjuntos para que se coloque à disposição da comissão parlamentar para prestar declarações pessoalmente", segundo a agência de notícias espanhola Efe.
Nesse sentido, a porta-voz do Facebook diz que o responsável de tecnologia da empresa, Mike Schroepfer, e o chefe de produto, Chris Cox, estão disponíveis para ir ao Parlamento britânico a seguir à Semana Santa, já que "ambos têm uma grande experiência nestes assuntos e estão bem posicionados para responder às questões sobre estes temas complexos".
Entretanto, continua a carta, a empresa "vai continuar a trabalhar sobre os assuntos decorrentes dos acontecimentos recentes".