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Amnistia Internacional afirma que condenação de Navalny tem motivação política

Lusa 22 de março de 2022 às 16:39
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"O mundo não deve ignorar este veredito e as suas implicações no contexto das horríveis violações de direitos humanos que estamos a presenciar como resultado da agressão russa contra a Ucrânia", defende responsável da AI.

A Amnistia Internacional (AI) considerou hoje que a condenação a nove anos de prisão imposta por um tribunal russo ao encarcerado líder oposicionista Alexei Navalny é uma cínica violação dos dereitos humanos e tem motivação política.

REUTERS/Evgenia Novozhenina

A diretora para a Europa do Leste e Ásia Cental, Marie Struthers, sublinhou, em comunicado, que Navalny "enfrenta nove anos de prisão por acusar a elite russa de corrupção e abuso de poder".

"O veredito era previsível, mas isso não o torna menos grave. O mundo não deve ignorar este veredito e as suas implicações no contexto das horríveis violações de direitos humanos que estamos a presenciar como resultado da agressão russa contra a Ucrânia", afirmou.

Recordou que o líder oposicionista russo, logo quando regressou da Alemanha há mais de um ano após sobreviver a uma tentativa de envenenamento com o agente tóxico Novichok, foi preso por um antigo caso judicial e as suas organizações – como o Fundo de Luta contra a Corrupção e a sua rede de escritórios na Rússia – declaradas extremistas e ilegalizadas.

"No contexto do flagrante desprezo pelas leis internacionais, europeias e nacionais por parte das autoridades russas, muitos mais podem enfrentar tal injustiça", disse Struthers.

"Aplaudo o compromiso de Alexei Navalny com a luta contra a corrupção e outros abusos (...)", sublinhou.

A responsável regional da AI afirmou que o líder oposicionista usou a sala do tribunal "para falar contra a agressão russa na Ucrânia", o que "provavelmente poderia acarretar acusações adicionais contra si".

Navalny foi condenado hoje na colónia correcional IK-2, em Pokrov, região de Vladimir, onde cumpre dois anos e meio de prisão, por "fraude a uma escala especialmente grande" e "desobediência ao tribunal".

O político foi acusado de desviar cerca de 25.000 dólares de doações a organizações que fundou.

A AI analisou o caso e concluiu que a acusação teve "motivações políticas" e baseou-se "na aplicação arbitrária de uma lei que criminaliza indevidamente as atividades de Navalny".

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