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Vance critica regulação europeia contra desinformação e exorta UE a gastar mais em defesa

Gabriela Ângelo 14 de fevereiro de 2025 às 17:11

Na Conferência de Segurança em Munique, marcada pela anúncio do início das conversações de paz entre Rússia e a Ucrânia, JD Vance atacou regras contra a desinformação e discurso de ódio. Adiantou também que EUA podem usar influência militar e económica nas negociações de paz com a Rússia.

Na semana em que Donald Trump surpreendeu Kiev e os seus aliados europeus ao anunciar que tinha dado início às negociações de paz com Putin, deixando-os de fora, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, aproveitou a presença na Conferência de Segurança em Munique, esta sexta-feira, para dar mais pormenores. Embora tenha sido desmentido pelo seu porta-voz depois do discurso.

Matthias Schrader/AP

Num discurso que apenas brevemente falou da guerra na Ucrânia, Vance disse que Washington poderia usar a sua influência militar e económica nas conversações com a Rússia de forma a conseguir um bom acordo de paz com a Ucrânia. Mais tarde o seu porta-voz negou que Vance estivesse a fazer qualquer ameaça a Moscovo.

Mas esta foi a única referência ao conflito, já que o vice-presidente dos Estados Unidos decidiu dar uma aula sobre liberdade de expressão e ideais democráticos aos aliados europeus. Durante o discurso deu a entender que a maior ameaça europeia não era a agressão militar russa ou chinesa, mas a sua própria supressão da liberdade de expressão, incluindo os esforços para impedir os partidos de extrema-direita de chegarem à governação. Este discurso vem ainda no seguimento da cimeira sobre Inteligência Artificial em Paris na segunda-feira, onde criticou as políticas impostas pela União Europeia (UE) nesta matéria. 

O vice-presidente norte-americano também alertou os líderes europeus sobre a imigração ilegal, afirmando que o eleitorado não votou para abrir "as portas a milhões de imigrantes não controlados", referindo-se ao ataque de quinta-feira em Munique, em que o suspeito é um afegão de 24 anos que chegou à Alemanha como requerente de asilo em 2016.

"O que me preocupa é a ameaça que vem de dentro, o recuo da Europa em relação a alguns dos seus valores mais fundamentais, valores partilhados com os Estados Unidos da América", disse.

O braço direito de Trump sugeriu ainda que os esforços europeus utilizados para limitar a campanha de influência eleitoral por parte da Rússia nas eleições romenas estavam, em vez disso, a suprimir o discurso legítimo, comparando, a certa altura, alguns dos atuais líderes do continente ao antigo bloco soviético. Desprezando ainda a decisão da "remota Roménia", de cancelar as eleições presidenciais depois de ser provado a interferência russa nas campanhas, nomeadamente a de Calin Georgescu, o candidato independente pró-Kremlin.

"Se a nossa democracia pode ser destruída com algumas centenas de milhares de dólares de publicidade digital de um país estrangeiro, então não era muito forte para começar", afirmou.

No que toca às negociações de paz, Vance, que se encontrou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, esta sexta-feira, avisou a Rússia que Washington iria impor sanções a Moscovo caso não concordasse com um acordo de paz com a Ucrânia, encorajando os estados europeus a gastar mais em defesa. 

"Embora a administração Trump esteja muito preocupada com a segurança europeia e acredite que podemos chegar a um acordo razoável entre a Rússia e a Ucrânia, também acreditamos que é importante nos próximos anos que a Europa avance em grande medida para garantir a sua própria defesa, a ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é qualquer outro ator externo", disse Vance.

Quarta-feira, Donald Trump anunciou que tinha tido um "telefonema altamente produtivo" com Vladimir Putin e que tinham concordado em iniciar as negociações, deixando de fora Kiev e os aliados europeus que têm fornecido apoio militar à Ucrânia. No dia seguinte, o republicano disse que as autoridades americanas e russas também se iriam reunir em Munique na sexta-feira e que a Ucrânia seria convidada, mas Kiev disse que não esperava manter conversações com a Rússia na cidade alemã.

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