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Fez várias declarações polémicas e garante que a democracia foi cancelada, após decisão do tribunal que acusa Rússia de interferir nas eleições romenas. Foi a surpresa da primeira volta, cujos resultados foram anulados.
Apareceu nas sondagens com pouco menos de 10%, não participou nos grandes debates televisivos e mesmo assim, os resultados das eleições presidenciais da Roménia deram a Calin Georgescu a vitória na primeira volta. A segunda volta, prevista para 8 de dezembro, não aconteceu depois de o Tribunal Constitucional ter anulado o ato eleitoral devido a acusações de interferência russa. Calin Georgescu não gostou e discursou no sítio onde deveria votar.
"Vamos continuar de forma democrática. Peço de forma muito clara por paz, por tudo o que temos para recuperar a nossa democracia porque a democracia foi cancelada com o tribunal", afirmou aos jornalistas e apoiantes que lá o esperavam.
Călin GeorgescuREUTERS
Ia disputar a segunda volta com Elena Lasconi do partido União para Salvar a Roménia (USR) que obteve 19,2% dos votos, até que o Tribunal Consitucional anulou as eleições. A decisão foi tomada após o presidente Klaus Iohannis ter partilhado informações sobre o alegado envolvimento da Rússia na campanha de promoção de Georgescu através da criação de milhares de contas nas plataformas de rede sociais TikTok e Telegram.
O anúncio do Tribunal Constitucional enfureceu Horatiu Potra, antigo líder de um grupo mercenário que atuava em África. Foi detido no sábado, dia 7, quando foi parado pelas autoridades a caminho de Bucareste. No seu Mercedes, levava facas e várias armas, além de dinheiro de cinco países. De acordo com a polícia, foram detidas mais 20 pessoas além de Potra. Todos pretendiam perturbar protestos contra Calin Georgescu.
Potra foi entretanto libertado e ficará sob controlo judicial durante 60 dias. A ligação entre Potra e Georgescu ainda está por apurar: no entanto, existem imagens de ambos juntos num hotel em Bucareste acompanhados por Eugen Sechila, líder de movimentos neofascistas romenos. O candidato já afirmou que Potra não faz parte do seu círculo íntimo e que as fotografias em questão estão desatualizadas, tendo sido tiradas há 2-3 anos.
Influências políticas
O candidato de 62 anos dedicou grande parte da sua carreira a assuntos agrícolas. Foi professor universitário, ocupou cargos no Ministério do Ambiente e representou a Roménia no Comité Nacional no Programa das Nações Unidas para o Ambiente. No entanto, a sua entrada no mundo da política deu-se quando foi mencionado como potencial candidato a primeiro-ministro pelo partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos (AUR) em 2020 e 2021. Mas, o partido mudou de ideias após Georgescu ter elogiado o ditador romeno, Ion Antonescu.
Calin Georgescu criticou a União Europeia (UE) e afirmou que a NATO nunca interviria para lutar pela Roménia se esta fosse atacada; também apelou ao fim da guerra na Ucrânia, argumentando que o presidente Volodymyr Zelensky é mau para o país. Entretanto, argumentou que o sistema de defesa de mísseis balísticos dos EUA instalado na base militar de Deveselu, no sul da Roménia, é uma questão de "vergonha" nacional.
Uma vez descreveu a revolução de 1989, que pôs fim ao regime comunista, como um golpe de estado utilizado pelo Ocidente para roubar os recursos da Roménia e afirma que o país está agora escravizado pelo Ocidente. Foi ainda investigado pelo Ministério Público por ter afirmado, em 2022, que Ion Antonescu e Corneliu Zelea Codreanu, outro nacionalista e antissemita, eram heróis. Também é antivacinas e em 2020 publicou um vídeo a tomar banho em água fria, afirmando que era a melhor forma de proteção contra o coronavírus.
Estrela do TikTok
O candidato que tem cinturão negro no judo já conta com cerca de 530 mil seguidores e seis milhões de gostos no TikTok. Foi através da plataforma de redes sociais, muito comum entre jovens, que ganhou a sua popularidade. Quer esteja a falar de desporto ou do futuro da Roménia, os seus vídeos atraem regularmente milhões de visualizações e mostram-no a discursar em entrevistas ou podcasts.
Acum, România este pustiita. Cei care puteau sadi dragostea de ?ara i-au recoltat boga?iile în propriul interes! Dar România... nu este pustie! Pentru ca adevarata ei boga?ie sunte?i VOI! Acum ave?i puterea de a sadi un viitor mai bun! Eu sunt Calin Georgescu ?i va chem cu smerenie alaturi de mine pentru a reface România, împreuna!
Um vídeo promocional publicado no dia da primeira ronda de eleições mostra o candidato a falar diretamente para a câmara a preto e branco com uma música dramática, um estilo muito adotado no seu conteúdo para a plataforma. Ao longo do vídeo, pessoas de todas as idades unem-se atrás de Georgescu (literalmente) e há uma transição do preto e branco para as cores. Juntamente com os efeitos, o candidato diz que "aqueles que podiam semear o amor pelo país colheram as suas riquezas para os seus próprios interesses", convidando no fim o povo romeno a "humildemente juntar-se a mim para reconstruirmos juntos a Roménia". Semelhante a outros slogans populistas como o de Donald Trump "Make America Great Again" (tornar a América grandiosa de novo), ou do Chega, "Deus, Pátria, Família, Trabalho".
Calin Georgescu fez praticamente a sua campanha toda através do TikTok. A rede social é utilizada por cerca de 56% dos romenos, apesar de os jovens serem os utilizadores mais ávidos.
As eleições presidenciais foram remarcadas para o ano que vem e irão determinar o futuro da Roménia, com ou sem Georgescu. O país faz fronteira com a Ucrânia no extremo oriental da União Europeia (UE) e até agora tem desempenhado um papel fulcral de apoio na ajuda do Ocidente a Kiev, abrindo o porto de Constança, uma rota fulcral para a exportação de cereais ucranianos e para o envio de material militar.
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