Quer ajudar o povo ucraniano? Saiba que ações estão a decorrer em Portugal
Desde o campo jurídico ao cultural, há várias organizações portuguesas a promoverem iniciativas solidárias para apoiar os refugiados e a população ucraniana. Há ações de recolha de bens fundamentais a decorrer de norte a sul do País – saiba como pode ajudar.
A solidariedade para com o povo ucraniano tem-se multiplicado em vários setores da sociedade portuguesa, com iniciativas que visam apoiar não só quem ficou no país, mas quem se encontra na situação de refugiado de guerra.
A pensar nessas pessoas, o advogado Francisco Abreu Duarte, de 28 anos, criou o site ukraine-portugal.info, no qual pretende reunir toda a informação sobre ajudas a refugiados ucranianos que queiram vir para Portugal, desde vistos a alojamento, passando por acompanhamento judicial.
Além deste site, foi ainda criado o We Help Ukraine, descrito como "a plataforma global que liga pessoas a precisar de ajuda na Ucrânia, ou em fuga, com pessoas e organizações que podem fornecer apoio" e que pretende disponibilizar alojamento, medicamentos e ofertas de trabalho.
A Ordem dos Advogados disponibilizou consultas gratuitas aos cidadãos ucranianos e condenou veementemente "a agressão de que a Ucrânia está neste momento a ser vítima" no seu site oficial. Segundo o Público, o Conselho Regional de Lisboa esclarece que as consultas jurídicas devem ser feitas por e-mail ou telefone e que podem estar associadas a diferentes causas, nomeadamente na ajuda ao repatriamento, ao reagrupamento de família dos membros e agregados familiares afetados pela guerra ou apoio na elaboração e envio de autorizações de saída de menores do território.
“Estou emocionado com a reação dos portugueses”
A Ordem dos Advogados solicita ainda que todos os advogados que se estão a voluntariar para prestar assistência jurídica gratuita aos cidadãos ucranianos contactem os serviços da Ordem através do endereço cons.geral@cg.oa.pt, a fim de ser transmitida a disponibilidade de colaboração à Embaixada da Ucrânia em Portugal e à Associação Nacional dos Advogados da Ucrânia.
A Ordem dos Notários disponibilizou igualmente um serviço gratuito a cidadãos ucranianos para enviarem autorizações de saída para os filhos menores que se encontrem na Ucrânia. Para esse efeito, a Ordem pede que seja contactada através do número de telefone 210 547 459 ou do e-mail ucrania@notarios.pt.
Já na Associação Amizade, em Gondomar, tem-se trabalhado "das 8h às 24h" desde que a guerra começou. "Estou mesmo de coração cheio de gratidão para com as pessoas que têm mostrado a sua solidariedade com o povo ucraniano", desabafa Nataliya Khmil, Presidente da associação que tem recolhido bens alimentares e objetos de primeiros socorros para enviar até à fronteira ucraniana. "Hoje já saiu uma carrinha para a Ucrânia, espero que amanhã e quarta também", diz, lembrando que a viagem de ida e volta demora sensivelmente quatro dias, "três mil e quilómetros e meio para cá, três mil quilómetros e meio para lá".
As carrinhas vão carregadas de bens essenciais, que estão a ser recolhidos pela Junta de Freguesia de Rio Tinto, e regressam com refugiados familiares da comunidade ucraniana residente em Portugal. "Contamos com voluntários para recolher os donativos", diz Nataliya, reforçando que "as portas estão abertas" até à meia noite para quem quiser deixar o seu contributo. Quem pretender pode ainda deixar um donativo à Associação para ajudas nos custos de gasolina e nas portagens através do IBAN PT50 0007 0407 0013 9970 00510.
Também a empresa WinDoor, que opera no fabrico e comercialização de janelas em perfil de PVC, se lançou numa campanha nacional de angariação de bens que serão enviados num camião para a Ucrânia. Numa publicação na conta oficial do Instagram, a WinDoor esclarece que a recolha de bens será feita até dia 3 de março em todas as lojas do País (Lisboa, Torres Vedras, Batalha, Leiria, Évora e Porto).
Na lista de mantimentos essenciais constam os kits de primeiros socorros, com ligaduras, pensos rápidos, paracetamol, água oxigenada, entre outros medicamente e materiais, comidas para crianças e recém-nascidos, bem como fraldas e toalhitas, rações para os animais de estimação, sacos de cama, mantas, lençóis e comidas e bebidas não perecíveis. A recolha acontece entre as 9h30 e as 17h a partir de hoje em Lisboa e de amanhã, segunda-feira, dia 28 de fevereiro, nas restantes lojas.
Por seu lado, a Junta de Freguesia do Areeiro, em Lisboa, está a promover uma ação de recolha de bens durante o dia de hoje, domingo, até às 19h, e segunda-feira, entre as 16h e as 23h. Nesta ação, que responde a um apelo do Padre Ivan Hudz, responsável pela comunidade Ucrânia em Portugal, são pedidos medicamentos, sobretudo para feridos de guerra, ferramentas e materiais de construção, como picaretas, serrotes, martelos ou colheres de pedreiro, roupas e produtos de higiene.
Já a loja japonesa Kuri Kuri, no Porto, irá recolher bens de primeira necessidade durante esta semana, de segunda a sábado, entre as 14h e 19h. São pedidos medicamentos, primeiros socorros, artigos de higiene, toalhitas, fraldas, ligaduras e pensos higiénicos.
A nível internacional, há uma série de organizações a prestar apoio no terreno e às quais poderá deixar o seu donativo. A United Help Ukraine, por exemplo, está a trabalhar para fornecer kits de primeiros socorros e outros objetos médicos de emergência para a linha da frente.
Também a associação Sunflower Peace iniciou uma campanha de angariação de fundos para preparar mochilas táticas médicas de primeiros socorros para paramédicos e médicos na linha da frente. "Cada mochila tem capacidade de salvar até 10 vidas", lê-se em comunicado publicado na página oficial do Facebook. Dos 897.981 euros pedidos, já foram angariados até à data de publicação deste artigo €459.754.
Por sua vez, a UNICEF Portugal, em cooperação com o órgão homólogo ucraniano, lançou uma campanha "Emergência Ucrânia" na qual poderá contribuir com um donativo fixo de €15, €55 ou €75 ou com outra quantia definida por si. A ajuda será canalizada para apoiar 7,5 milhões de crianças em risco com kits de emergência de água e de higiene.
A mobilização também se faz sentir na área cultural. No Porto, a associação OKNA, nascida em 2017 para estreitar os laços entre a Europa do Leste e Portugal, está a unir esforços com várias instituições da cidade para passar uma mensagem "anti guerra" concertada. "Sentimo-nos muito sós", afirma Radu Sticlea, fundador da OKNA (que significa janela em português). Enquanto associação centrada na arte contemporânea, Radu explica que o foco da OKNA está nos artistas, investigadores, cineastas ucranianos que se tornaram refugiados de guerra. "Estamos a preparar uma residência artística para refugiados da Ucrânia", diz, esclarecendo que a iniciativa acontecerá muito em breve.
Paralelamente, e em conjunto com o espaço de intervenção cultural Maus Hábitos, a OKNA apresentará na próxima quarta-feira, dia 2 de março, uma sessão de curtas com foco na Ucrânia intitulada "Expressions of Freedom" e que deriva da programação do festival de cinema BEAST. Existem igualmente conversações com a RTP para transmitir quatro curtas no bloco Cinemax, confirma Radu Sticlea, lembrando a importância das instituições culturais se unirem em torno da causa ucraniana.
A OKNA foi uma das instituições envolvidas na manifestação anti-guerra que aconteceu na passada sexta-feira, na Avenida dos Aliados, no Porto, e lembra que há muitos cidadãos russos a mobilizarem-se contra a ofensiva liderada pelo Kremlin e que classificam Putin como sendo "um líder psicopata". "É importante manter relações com estas pessoas".
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