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China e Rússia reunidas para discutir a guerra na Ucrânia

Diogo Barreto 22 de fevereiro de 2023 às 10:38

Wang Yi assegurou que a China vai sempre defender a resolução da guerra na Ucrânia através "do diálogo e da paz". Já reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano e agora vai reunir com Putin.

O presidente russo, Vladimir Putin, vai reunir com Wang Yi, o chefe da diplomacia chinesa, em Moscovo, esta quarta-feira. A reunião acontece numa altura em que a relação entre os Estados Unidos e Pequim voltou a estar particularmente tensa, na sequência dos incidentes com os "balões espiões" e com o "aviso" dado por Biden a Xi Jinping contra fornecer armas à Rússia para a guerra na Urânia.

A informação da reunião com Putin foi avançada pelo Kremlin, tendo o porta-voz Dmitry Peskov confirmando que "Putin vai receber Wang Yi", na sequência de um encontro entre o chefe da diplomacia chinesa e o ministro dos negócios estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

Wang Yi disse, citado pela agência noticiosa Reuters, que pretende encontrar novas formas de estabelecer relações com Moscovo. "Estou pronto para trocar pontos de vista consigo, querido amido, em assuntos de interesse mútuo e estou ansioso por estabelecer novos acordos", disse numa conferência conjunta com Lavrov, acrescentando ainda: "Não importa a forma como evolua a situação internacional, a China mantém-se focada, juntamente com a Rússia, em preservar uma tendência positiva no desenvolvimento de relações entre os grandes poderes mundiais". 

O principal responsável pela política externa do Partido Comunista Chinês assegurou este fim de semana que a China "sempre esteve do lado da paz e do diálogo" entre a Ucrânia e a Rússia, num encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba. O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês disse a Kuleba que o país "está disposto a trabalhar com a comunidade internacional, para evitar uma maior deterioração da situação".

Wang afirmou também que a China e a Ucrânia são "parceiros estratégicos" e agradeceu a Kiev pela "adesão ao princípio 'Uma Só China'". O reconhecimento daquele princípio, visto por Pequim como uma garantia da sua soberania sobre Taiwan, é tido como condição base para o estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e outros países.

A reunião entre o representante de Pequim e Putin acontece um dia depois do presidente russo ter anunciado, durante o discurso do Estado da Nação, esta terça-feira, que o país ia suspender a sua participação no tratado New START com os Estados Unidos, que limitava os arsenais nucleares dos dois países. "Neste aspeto, sou forçado a anunciar hoje que a Rússia vai suspender a sua participação no tratado de armas ofensivas estratégicas", afirmou.

O tratado New START foi assinado em Praga em 2010, entrou em vigor no ano que se seguiu e em 2021, foi prolongado durante mais cinco anos e trava o número de ogivas nucleares que os Estados Unidos e Rússia podem deter, bem como o número de mísseis submarinos e terrestres e os bombardeiros a usar.

A Rússia tem cerca de 6 mil ogivas nucleares, o que a torna o país com maior número de armas nucleares do mundo. Juntos, Rússia e EUA têm cerca de 90% do poder nuclear mundial.

Sputnik/Mikhail Metzel/Pool via REUTERS
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