Irish Light usou dezenas de mortes em todo o mundo para espalhar desinformação sobre as vacinas contra o vírus covid-19.
Uma mãe que perdeu o filho e o seu advogado tem sido alvo de uma campanha de ataques após terem processado um jornal de teorias da conspiração que alegou que o seu filho tinha morrido devido à vacina contra o covid-19.
REUTERS/Luc Gnago
O Irish Light, jornal conspiracionista irlandês, atacou repetidamente Edel Campbell na internet e os seus apoiantes ameaçaram o seu advogado de "execução". O jornal tem usado dezenas de mortes em todo o mundo para espalhar desinformação sobre as vacinas usadas durante a pandemia. Ao que tudo indica este é o primeiro caso em que um familiar processou um jornal por informações falsas ligadas ao covid-19.
O jornal usou a morte do filho de Campbell, Diego Gilsenan, e outras pessoas num artigo no ano passado que referia que a vacina para o covid-19 "não testada e perigosa" era a culpada pelas mortes. Diego suicidou-se em agosto de 2021, com 18 anos e não tinha sido vacinado, de acordo com a BBC.
A mãe do jovem disse à televisão pública britânica que o Irish Light tornou a sua vida "num inferno" e que agora tem medo de estar em público. O seu advogado, Ciaran Mullholland, mencionou que a campanha de abuso que se seguiu ao caso foi "nada menos que chocante", e isso pode explicar o porquê de outras pessoas não tomarem medidas.
Em publicações recentes nas redes sociais, o jornal e a sua editora Gemma O'Doherty, acusaram Campbell de "mentiras ultrajantes", de ser "mentalmente instável" e de estar envolvida numa "fraude". O próprio advogado de Campbell tem recebido ameaças de pessoas que apoiam o Irish Light a apelar à sua execução a tiro.
A mãe de Diego e o seu advogado decidiram solicitar uma ação civil contra a editora do jornal após ter publicado uma fotografia do jovem e de outras pessoas na primeira página sob o título "Morreu de repente". Este título acabou por virar um slogan nas redes sociais por pessoas anti-vacinas para sugerir que as mortes dos jovens estão relacionadas com a vacinação durante a pandemia.
O Irish Light afirma que a publicação não está a questionar as "mortes misteriosas" porque "sabe exatamente do que se trata, a injeção perigosa e não testada que impuseram ao povo irlandês".
Dos jovens referidos pelo jornal, um morreu num acidente numa piscina, outro de traumatismo craniano e um terceiro de meningite, segundo as suas respetivas famílias. Nenhuma delas, incluindo a de Campbell, foi contactada antes da publicação do artigo.
O processo foi iniciado após várias tentativas falhadas do contacto da mãe de Diego para o jornal a pedir a Gemma O' Doherty que retirasse as imagens do filho, algo que resultou numa escalada de ataques. O objetivo do processo judicial não é uma compensação, mas "proteger a integridade de Diego e da sua família", afirmou o advogado.
O Tribunal Superior de Dublin emitiu uma ordem de restrição que proíbe a editora do Irish Light de contactar Campbell e de utilizar ou publicar a imagem do seu filho. As publicações abusivas sobre a mãe de Diego continuaram nas redes sociais, incluindo no Twitter, que Gemma O'Doherty admitiu ter gerido.
This woman is being used by wicked lawyers @LAWMulholland and corrupt courts. The public have a right to know if drugs and drug dealing were involved in Diego’s death as alluded to by the priest at his funeral
A editora do jornal nega o assédio feito à Edel Campbell e continua a referir que a morte do seu filho Diego foi "sinistra ou misteriosa de alguma maneira".
O Irish Light é um jornal irlandês que se baseia em teorias da conspiração, e que promove teorias como "Pfizer sabia que as vacinas iriam matar", "Fluoreto na água está a baixar o QI islandês", "Irlandeses vão ficar uma minoria na Irlanda" e "Porque as mudanças climáticas causadas pelo homem são uma fraude".
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