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Varoufakis diz que ia apresentar "ideias" para um consenso

18 de junho de 2015 às 18:46
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A reunião do Eurogrupo está a decorrer no Luxemburgo com os parceiros europeus cépticos mas à espera de novas propostas da Grécia para ajudar a desbloquear um acordo

O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, disse hoje que iria apresentar as ideias do Governo grego na reunião de hoje do Eurogrupo e que espera conseguir substituir a "discórdia" com custos pelo "consenso efectivo".

"Mario Draghi [o presidente do Banco Central Europeu] disse uma vez que para o euro funcionar em qualquer lado, tem de funcionar em todo o lado. Nós pensamos que ele acertou em cheio e hoje vamos apresentar as ideias do Governo grego em linha com isso", disse Varoufakis à chegada à reunião dos ministros das Finanças da zona euro, no Luxemburgo.

Numa curta declaração aos jornalistas, o governante grego afirmou ainda que o objectivo hoje é "substituir a discórdia que traz prejuízo pelo consenso efectivo" e entrou no edifício onde decorre a reunião evitando outras perguntas, sobretudo sobre se traz novas propostas para a mesa de negociações.

Por seu lado, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, tinha dito à chegada ao encontro que há que esperar para ver se Varoufakis traz alguma novidade hoje, mas afirmou não estar com "muita esperança".

A menos de duas semanas de expirar o programa de assistência financeira a Atenas e da data limite para a Grécia pagar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional - ambas a 30 de Junho -, os ministros das Finanças da zona euro reúnem-se hoje no Luxemburgo, mas sem sequer qualquer esboço de compromisso e com as negociações ao nível técnico suspensas face às diferenças entre o Executivo liderado por Alexis Tsipras e os credores.

As reformas que mais afastam Atenas e credores têm que ver com cortes nas pensões, sobretudo nos complementos das reformas mais baixas, e subidas no IVA (imposto sobre o consumo, especialmente nos medicamentos e electricidade). No excedente orçamental primário (diferença entre as receitas e despesas das contas públicas, excluindo os juros) há um entendimento no valor a alcançar, mas é preciso concordar nas medidas para lá chegar.

O Governo grego quer ainda uma estratégia para lidar com a elevada dívida do país, o que poderia ser feito através de uma nova reestruturação da dívida, que na Europa parece ser tema 'tabu'.

Sem acordo, a Grécia - com os cofres públicos praticamente sem dinheiro - fica à beira do incumprimento ('default') e mesmo de uma saída da zona euro (o famoso 'Grexit').

Portugal está representado neste Eurogrupo pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.

A reunião do Eurogrupo que decorre esta tarde no Luxemburgo com os parceiros europeus cépticos mas à espera de novas propostas da Grécia para ajudar a desbloquear um acordo, enquanto Yanis Varoufakis falou que iria apresentar "ideias".

Este encontro dos ministros da zona euro era tido há algumas semanas como decisivo para pôr fim ao impasse que se vive quanto a um acordo, com reformas a adoptar pela Grécia que façam desbloquear a ajuda financeira de 7,2 mil milhões de euros tão necessária aos cofres helénicos.

No entanto, perante o estremar de posições nos últimos dias, esta reunião deverá ter o principal intuito de pôr Atenas a falar novamente com os credores (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu), quando as negociações técnicas estão paradas à espera de uma decisão ao nível político.

À chegada ao encontro, alguns ministros não esconderam a impaciência perante o arrastar de negociações sem qualquer resultado positivo.

O ministro das finanças da Eslováquia afirmou que está "cansado" e disse acreditar que, das conversas que tem, há mais colegas na mesma situação. "Receio de que não seja o único ministro cansado. Não há tempo para jogos, a Grécia tem de enfrentar a realidade", afirmou Peter Kazimir.

A mesma exasperação foi demonstrada pelo ministro das Finanças Finlandês, Alexander Stub: "Estamos a ficar sem paciência".

Stubb falou mesmo num 'plano B' que há que preparar caso a Grécia entre em incumprimento, sem dinheiro para cumprir os compromissos assumidos, uma posição partilhada pelo Irlandês, Michael Noonan, que disse que a "opção [para a falta de acordo] é preparar o plano B".

Aliás, o ministro da Irlanda foi mais longe e deu ainda a novidade que o seu Governo está em contacto com o banco central do país e com o BCE, em Frankfutrt, para gerir eventuais efeitos de um 'default' grego.

A questão do contágio a outros parceiros europeus de um 'default' grego é muito falada. Mas estes responsáveis desvalorizaram.

"Não pensamos que haja efeito de contágio", afirmou Noonan. "É problema para a zona euro, mas mais para a Grécia. Não acredito num efeito dominó", disse, por seu lado, o governante finlandês, que considerou especificamente que Portugal e Irlanda não correm riscos.

Quanto às contra propostas que os parceiros esperam há vários dias da Grécia, depois de as anteriores terem sido recusadas, a expectativa é de que ainda não chegarão neste encontro.

Neste ponto, o ministro da Eslováquia foi mesmo acintoso: "Eu acredito em milagres. Sou católico, tenho de acreditar".

Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse que que é preciso esperar pela reunião para ver se o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, dará alguma novidade hoje, mas afirmou não estar com "muita esperança".

Varoufakis escapou precisamente às perguntas dos jornalistas sobre as propostas, afirmando apenas que hoje vai "apresentar ideias do Governo grego" para que se consiga "substituir a discórdia que traz prejuízo pelo consenso efectivo".

Um discurso mais optimista surgiu pelo lado alemão, pelo ministro Wolfgang Schäuble. "Estamos bastante optimistas de que vamos receber propostas".

Faltam menos de duas semanas para expirar o programa de assistência financeira a Atenas e da data limite para a Grécia pagar 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, ambas a 30 de Junho.

As reformas que mais afastam Atenas e credores de chegarem a um acordo têm que ver com cortes nas pensões e subidas no IVA, especialmente nos medicamentos e electricidade. No excedente orçamental primário (diferença entre as receitas e despesas das contas públicas, excluindo os juros) há um entendimento no valor a alcançar, mas é preciso concordar nas medidas para lá chegar.

O Governo grego quer ainda uma estratégia para lidar com a elevada dívida do país, o que poderia ser feito através de uma nova reestruturação da dívida.

Além da questão da Grécia, que deverá ser o último ponto a ser discutido neste Eurogrupo, nesta reunião irá ainda ser debatido Portugal, avaliando o país após a saída da 'troika', o resgate ao Chipre e o estado da zona euro.

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.