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Passos quer esclarecer decisões políticas da CGD

Líder do PSD considera que há "uma negociação que o Governo não assume com transparência" na polémica do banco público

O líder do PSD acredita "não há nenhuma razão para que os portugueses não saibam exactamente quais são as responsabilidades políticas que estão na origem da negociação" relativa à Caixa Geral de Depósitos (CGD), que vai ser alvo de uma segunda comissão de inquérito parlamentar. Em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à certame Essência do Vinho esta sexta-feira, no Porto, Pedro Passos Coelho descreveu o processo e sublinhou a ideia de que há "uma negociação que o Governo não assume com transparência".

"Do nosso ponto de vista, o trabalho que podia ter sido feito na comissão que já existe acabou por não ser consentido ao nível do Parlamento, mas não há nenhuma razão para que os portugueses não saibam exactamente quais são as responsabilidades políticas que estão na origem quer na negociação que foi feita com o anterior presidente da CGD, quer com aquilo que determinou depois a sua demissão", disse o líder dos sociais-democratas.

"Há uma negociação que o Governo não assume com transparência e que nós gostaríamos que fosse absolutamente clara para os portugueses em termos de responsabilidade e é isso que se vai tentar apurar", acrescentou.

O presidente do PSD disse esperar que o processo "não se arraste muito", descrevendo que, "no que respeita à primeira comissão de inquérito que existe, ela aguarda que sejam fornecidos os dados de informação indispensáveis para fazer o seu trabalho". "A verdade é que a comissão não recebeu qualquer elemento material que permita aos deputados responder à questão: porque é que a Caixa precisa de tanto dinheiro? Não recebeu porque a própria CGD se recusou a dar essa informação, o Governo recusa-se a dar essa informação e nós tivemos de recorrer aos Tribunais", apontou.

O presidente da Assembleia da República, António Ferro Rodrigues, anunciou esta sexta-feira que o objecto da nova comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos cumpre "em absoluto os termos regimentais e constitucionais, defendendo ainda que "todas as instituições funcionam em absoluta regularidade" . A "luz verde" de Ferro Rodrigues surgiu no final de um almoço com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pouco depois do primeiro-ministro, António Costa, ter reiterado a confiança no Mário Centeno.

PSD e CDS apresentaram, esta sexta-feira, o requerimento para a nova comissão de inquérito ao banco público. Imposta de forma potestativa pelos dois partidos da direita, a CIP pretende apreciar a contratação, gestão e saída do anterior presidente do banco, António Domingues. De acordo com a Lusa, n as alíneas que os deputados querem ver não existe uma referência directa às comunicações entre António Domingues e o ministro das Finanças, Mário Centeno.