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Jerónimo: Portugal crescia mais "sem dívida"

Os números do INE são a prova de que se Portugal não tivesse "esta submissão ao Euro", cresceria "muito significativamente porque tem condições para isso", garante o secretário-geral comunista

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, destacou esta terça-feira os "resultados positivos" da economia portuguesa no quarto trimestre de 2016, mas manifestou um "sentimento de insuficiência no crescimento económico" resultante dos constrangimentos da "submissão ao Euro".

O Instituto Nacional de Estatística divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,4% em 2016, menos duas décimas do que em 2015, depois da subida de 1,9% no quarto trimestre em resultado de uma melhoria da procura interna, tendo o valor do crescimento da economia portuguesa no conjunto de 2016 ficado acima das estimativas da Comissão Europeia e dos economistas contactados pela Lusa que esperavam uma subida do PIB de 1,3%.

"São resultados positivos neste quarto trimestre. Creio que não é alheio a reposição de rendimentos aos portugueses, aos trabalhadores, ao povo português, mas simultaneamente um sentimento de insuficiência no crescimento económico que, do nosso ponto de vista, resulta muito dos tais constrangimentos que nós dizemos e voltamos a afirmar", disse Jerónimo de Sousa aos jornalistas à margem de um seminário em Lisboa.

Na opinião do secretário-geral do PCP, os números são a prova de que se Portugal não tivesse "esta dívida, este serviço da dívida, esta submissão ao Euro", cresceria "muito significativamente porque tem condições para isso".

De acordo com a estimativa rápida do INE, considerando o conjunto de 2016, "o contributo da procura interna para a variação do PIB diminuiu, reflectindo a redução do investimento e, em menor grau, a desaceleração do consumo privado".

O secretário-geral comunista falou ainda sobre a polémica que envolve o ministro das Finanças e, apesar de recusar fazer juízos de valor sobre a justificação de Centeno sobre a polémica da Caixa Geral de Depósitos, sublinhou que nunca põe "as mãos no fogo por ninguém".

"Ouvi o ministro Centeno. É uma justificação que não posso dizer a pés juntos que é certa e segura ou que não é. Portanto, não queria fazer juízos de valor, queria apenas afirmar este princípio em termos políticos. Da parte que me toca, nunca ponho as mãos no fogo por ninguém", acentuou, quando questionado pelos jornalistas sobre se o PCP tinha ficado com dúvidas.

O secretário-geral do PCP admitiu que nestes "folhetins há uma responsabilidade, uma certa conduta errada por parte do Governo nesse mesmo processo que não pode ser esquecida". "Este processo o que pressupõe é a necessidade de facto de acabar com esta operação que está em curso e que visa o coração da CGD, em que PSD e CDS, com estes sucessivos folhetins, querem na oposição conseguir aquilo que não conseguiram quando foram Governo, ou seja a privatização da Caixa", acusou.

Sobre as condições de Mário Centeno para continuar no cargo, o líder do PCP limitou-se a salientar que "o senhor ministro das Finanças está sob a responsabilidade do primeiro-ministro".

Para Jerónimo de Sousa, "a não se ter verificado essa questão e procurar uma outra atitude que colidisse com este posicionamento, naturalmente será razão de crítica do PCP". "Mas como digo, tendo em conta o anunciado, reafirmamos a posição e consideramos que qualquer atitude que colidisse com este objectivo naturalmente tem, terá da parte do PCP um posicionamento crítico", concluiu.

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