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Apesar de alertas de défice, Sarmento garante alívio no IRS de 500 milhões ao ano até 2029

Negócios 17:16
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No próximo ano, alívio ficará pelos 196 milhões de euros, nas contas do Governo. Mas o ministro das Finanças assegura que pretende manter a promessa de alívio acumulado de até dois mil milhões até ao final da legislatura.

Apesar dos vários alertas para a degradação das contas públicas, reiterados ainda nesta quinta-feira pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP), o ministro das Finanças garante que o Governo pretende avançar até ao final da legislatura com alívios de IRS com um impacto anual de 500 milhões de euros na receita.

Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento
Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento

"Com este Orçamento do Estado temos a quarta redução de IRS no espaço de ano e meio, mas o nosso programa é claro. Queremos continuar a reduzir o IRS com redução de dois mil milhões até ao final da legislatura: 500 milhões em 2025 e em 2027, 2028 e 2029. Vamos continuar com um ritmo próximo dos 500 milhões ao ano”, indicou Joaquim Miranda Sarmento, nesta sexta-feira, em audição sobre a proposta orçamental para 2026.

A informação foi prestada perante uma questão levantada pela bancada social-democrata sobre a intenção de o Governo continuar a reduzir impostos, numa audição marcada por insistentes pedidos de esclarecimento feitos pela oposição quanto àquela que será no próximo ano a evolução do ISP ou sobre as dúvidas manifestadas de véspera pelo CFP quanto à possibilidade de obtenção de um excedente de 0,1% do PIB no próximo ano, ao mesmo tempo que a entidade sinalizou potencial subestimação da despesa quer nas contas de 2025 quer nas de 2026.

Depois de ter estimado em 500 milhões de euros o impacto da redução de taxas de IRS operada no verão deste ano, o Ministério das Finanças calcula que a nova redução de taxas prevista no OE 2026 custe 111 milhões de euros, com a atualização de mínimo de existência, para acomodar a subida de salário mínimo, a representar menos 85 milhões de euros. Ou seja, o alívio do próximo ano terá um impacto a rondar 200 milhões de euros, que poderá ser atenuado por uma atualização de escalões do imposto bastante inferior à subida salarial média prevista para o próximo ano (5,3%).

O programa eleitoral da Aliança Democrática (AD) deste ano propunha-se “reduzir IRS em 2.000 milhões de euros, dos quais 500 milhões já em 2025, baixando a carga fiscal sobre os rendimentos, em especial para a classe média”. No programa com que foi a eleições, a AD apontava porém para crescimentos do PIB muito acima daqueles que são esperados neste momento (acima de 3% no anos finais da legislatura) e para saldos orçamentais sempre positivos, a rondarem de 0,1% a 0,3% do PIB.

Nas últimas projeções orçamentais, tanto a Comissão Europeia como o CFP apontam para um défice de 0,6% do PIB em 2026. Já a OCDE espera um défice de 0,3% do PIB. O Fundo Monetário Internacional espera saldo nulo. O Governo, sozinho, mantém a previsão de um excedente de 0,1% do PIB.