Advogado dos lesados explica acordo com Governo
Nuno Vieira assegura que os resultados da reunião vão ser anunciados até ao final da semana
Os lesados do papel comercial do BES vão poder recuperar até 75% do capital investido, disse hoje à Lusa o advogado Nuno Vieira, dando conta dos resultados da reunião do grupo de trabalho sobre esta matéria realizada na segunda-feira.
"Posso dizer que a solução prevê a criação de um fundo, um veículo que vai agregar todos os direitos jurídicos das pessoas, e que vai nos próximos anos vai tentar recuperar todo o dinheiro dos lesados nos tribunais. Esse fundo vai adiantar desde já uma parte do valor a todos os grupos de investidores não qualificados de papel comercial", disse à Lusa, Nuno Vieira que representa a maior parte dos lesados do papel comercial do BES.
A reunião do grupo de trabalho que integra representantes da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), Banco de Portugal, BES, Governo, Associação de Lesados e advogados decorreu na segunda-feira mas os resultados do acordo alcançado vão ser anunciados oficialmente até ao final da semana.
O número de lesados do papel comercial do BES ultrapassa os dois mil investidores.
De acordo com Nuno Vieira, que representa a maior parte dos lesados do papel comercial, o acordo vai permitir a recuperação, a breve prazo, de 75 por cento do investimento.
"Uma pessoa que tem 100 mil euros perdidos vai recuperar 75 por cento a curto prazo, ficando os restantes 25 por cento à responsabilidade do fundo para recuperação judicial", frisou o advogado.
O problema dos dois mil clientes de retalho que perderam 432 milhões de euros investidos em papel comercial das empresas Espírito Santo International e Rioforte deixou de ser apenas um processo financeiro e judicial para ganhar uma importante dimensão política nos últimos anos.
No início de 2014, quando se começou a perceber a dimensão da falsificação de contas no BES/GES, o Banco de Portugal obrigou à constituição de uma provisão de 600 milhões de euros para reembolsar os clientes do papel comercial.
No entanto, essa provisão nunca chegou a cumprir a sua função. Com a resolução do banco, em Agosto de 2014, e posterior falência do grupo, houve um debate entre o Banco de Portugal e a CMVM sobre se o Novo Banco deveria ou não reembolsar os detentores destes títulos de dívida.
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