Desde que a Champions deixou de ter só campeões, em 1997, costumava haver nos quartos de final um outsider. Mas esta época isso não aconteceu: só estão representados os campeonatos de Espanha, Inglaterra, Alemanha e França. E no sorteio desta sexta-feira até já se definiram finais antecipadas, como um Manchester City-Real Madrid ou um PSG-Barcelona. Fora do Big 5, Portugal é o país que mais resiste, com FC Porto e Benfica a registarem 11 presenças nesta fase da prova. Mas os portugueses estão mais à vontade na Liga Europa, onde restam as águias, que defrontam o Marselha.
O sorteio dos quartos de final da Liga dos Campeões desta sexta-feira, na Suíça, ditou já uma final antecipada, com o Real Madrid-Manchester City, um duelo de mega-tubarões, sendo os madridistas o maior de todos, pois já venceram a Liga/Taça dos Campeões por 14 vezes. E depois há mais três partidas de grande expectativa, casos do PSG-Barcelona, do Arsenal-Bayern Munique e do Atlético Madrid-Borussia Dortmund.
Numa altura em que se tem falado da criação de uma Superliga europeia, uma prova em que as principais equipas, como Real Madrid, Barcelona, Bayern Munique, Manchester City, Liverpool, Juventus, Inter de Milão, Milan ou Paris Saint-Germain, teriam a presença assegurada, a verdade é que isso já acontece com o atual modelo da Liga dos Campeões, mas normalmente os grandes jogos só começam a partir dos oitavos ou quartos de final.
A Liga dos Campeões tem-se tornado uma prova cada vez mais elitista desde que, em 1997/98, deixou de incluir na prova apenas campeões – com os países mais bem classificados no ranking da UEFA, como Espanha, Inglaterra, Itália, Alemanha e França, o chamado Big Five, a levarem quatro e às vezes cinco equipas para a competição.
Se formos ver, na atual época 2023/24, só estiveram presentes equipas de 15 das 54 ligas da UEFA, tendo ficado pelo caminho, nas pré-eliminatórias, os campeões de países como Grécia, República Checa, Noruega, Israel ou Chipre. Aliás, desde 1997, só estiveram representadas 34 das 54 ligas da UEFA, continuando em falta países como Luxemburgo, Islândia, República da Irlanda, Malta, Lituânia, Arménia, Albânia ou Andorra.
Numa prova em que os tubarões dominam, à medida que o funil vai estreitando (isto é, chegando aos quartos e meias-finais), é muito comum que apenas estejam presentes clubes das cinco principais ligas, o Big 5. Foi isso que aconteceu na atual época, apenas com equipas de Espanha, Inglaterra, Alemanha e França.
Em 27 edições do atual modelo da Champions, só por uma vez a Espanha não teve equipas nos quartos de final (em 2004/05). Já em relação à Inglaterra, isso aconteceu por duas vezes (em 2012/13 e 2014/15). A Alemanha, que tem no Bayern Munique o seu principal representante (desde 1997, só falhou os quartos de final por seis vezes), não teve equipas nesta fase da prova por quatro vezes (a última em 2018/19).
Quanto à Itália, depois da dramática eliminação do Inter de Milão no campo do Atlético de Madrid, nos penáltis (os colchoneros só não venceram por uma vez quando foram a penáltis na Champions, foi na final de 2016, frente ao Real Madrid), ficou sem representantes nos quartos de final pela oitava vez em 27 edições. Já a França, com o apuramento do Paris Saint-Germain (que eliminou os espanhóis da Real Sociedad), soma presenças nesta fase da prova em 13 edições.
Curiosamente, a França apenas somou presenças em mais duas edições do que Portugal, embora tenha mais equipas nos quartos de final (porque houve cinco edições em que teve duas equipas nos quartos, ao contrário de Portugal, que esteve sempre representado apenas por uma).
Fora do Big 5, Portugal é o país com mais presenças nos quartos de final, sendo em seis ocasiões o FC Porto e em cinco o Benfica (e nunca os dois em simultâneo). Aliás, o falhanço do FC Porto frente ao Arsenal (nos penáltis), na última terça-feira, inviabilizou que Portugal seguisse com equipas nos quartos de final da prova pela quarta época seguida, depois de em 2020/21 os dragões lá terem chegado e de as duas edições seguintes terem contado com as águias.
O FC Porto era uma das três equipas fora do Big 5 ainda presentes nos oitavos de final (as outras duas eram os dinamarqueses do Copenhaga, eliminados pelo City, e os holandeses do PSV, afastados pelo Borussia Dortmund). A queda do FC Porto e das outras duas equipas impediu também que houvesse pelo menos um outsider nos quartos de final, como tem sido hábito. Desde 1997, esta é apenas a quinta vez que as equipas presentes nos quartos de final são exclusivamente dos campeonatos do Big 5. E só em três ocasiões houve mais do que um outsider: aconteceu em 1998/99, com os ucranianos do Dínamo Kiev e os gregos do Olympiakos; em 2011/12, com o Benfica e os cipriotas do APOEL Nicósia – a maior surpresa de sempre do atual modelo da Champions; e ainda em 2018/19, com FC Porto e Ajax.
A Espanha, que ainda tem três equipas na atual edição da prova, é o país dominador do atual modelo da Champions, pois esta é a 10ª vez que chega aos quartos de final ainda com três equipas. Já os ingleses, que conseguiram ter três equipas por três vezes nos quartos, podem gabar-se de terem conseguido um feito maior (ter quatro equipas nos quartos de final, o que aconteceu em 2007/08, 2008/09 e 2018/19). A Itália também teve três equipas nos quartos da Champions por três vezes, e a Alemanha conseguiu-o uma vez, em 1997/98 (com Bayern Munique, Bayer Leverkusen e Borussia Dortmund).
Um aspeto que prova o grande desequilíbrio e o cada vez maior elitismo da Liga dos Campeões: desde 2004/05, só por três vezes não houve um país com pelo menos três clubes nos quartos de final (aconteceu em 2009/10, com Inglaterra e França a terem cada duas equipas; em 2011/12, naqueles que foram os quartos de final mais democráticos de sempre, com representantes de sete países diferentes, havendo só a Espanha com duas, o Real Madrid e o Barcelona; e em 2019/20, quando Espanha, Alemanha e França chegaram aos quartos com duas equipas cada).
Por equipas, e apesar do domínio espanhol, é o Bayern Munique que tem mais presenças nos quartos de final do atual modelo da Champions: desde 1997, chegou lá em 21 das 27 edições. Seguem-se o Real Madrid, com 19, o Barcelona (18), o Manchester United (13), o Chelsea (12) e a Juventus (10).
Curiosamente, entre as oito equipas presentes nos quartos de final da atual época, e com exceção dos grandes tubarões Bayern Munique, Real Madrid e Barcelona, as outras cinco têm as mesmas ou praticamente as mesmas presenças que as seis registadas pelo FC Porto e as cinco do Benfica desde 1997. Assim, Borussia Dortmund e Atlético Madrid picam o ponto pela sexta vez, Arsenal e PSG fazem-no pela sétima vez, e o Manchester City pela oitava.
O FC Porto chegou aos quartos de final no atual modelo de Champions pela primeira vez logo em 1999/2000 (e o Benfica em 2005/06), e os dragões venceram mesmo a prova em 2004 (são, a par do Ajax, as duas únicas equipas a conseguirem vencer no atual modelo fora do Big 5), enquanto outras equipas, como Manchester City, Paris Saint-Germain ou Atlético Madrid fizeram-no muito mais tarde, quando os muitos milhões de euros gastos nos plantéis começaram a surtir efeito.
O City foi o que chegou aos quartos de final pela primeira vez mais tarde (em 2015/16, mas esta é a sétima época consecutiva), enquanto o Atlético Madrid o conseguiu em 2013/14 e os parisienses em 2012/13. Contudo, se o Manchester City conseguiu conquistar a prova (na época passada), PSG e At. Madrid continuam sem a vencer – o mesmo acontece, diga-se, com o Arsenal, o carrasco do FC Porto.
A performance de FC Porto e Benfica na Champions (as únicas equipas portuguesas que conseguiram chegar aos quartos de final) tem sido bastante mais satisfatória, por exemplo, do que a de clubes muito mais endinheirados, como é o caso dos italianos do Milan e do Inter de Milão (sete vezes nos quartos da Champions), da Roma (quatro vezes) ou dos franceses do Lyon (6 vezes) e do Mónaco (4).
Fora do Big 5, depois das 11 presenças de Portugal, houve mais seis países representados. Foram eles a Holanda (quatro vezes, duas pelo Ajax e duas pelo PSV), a Ucrânia (três vezes, duas pelo Dínamo Kiev e uma pelo Shaktar Donetsk), a Turquia (também com três presenças, duas pelo Galatasaray e uma pelo Fenerbahçe), a Grécia (duas, por Olympiacos e Panathinaikos), e ainda a Rússia (CSKA Moscovo) e Chipre (APOEL).
As equipas portuguesas, como se viu com o sucesso do Benfica frente aos escoceses do Glasgow Rangers (ou com a boa exibição do Sporting em Itália, onde acabou eliminado pela Atalanta), estão mais à vontade na Liga Europa, a II Divisão europeia.
Desde que foi criada a Liga Europa, em 2009/10, o Benfica, por exemplo, já chegou às meias-finais por três vezes e à final por duas (perdeu frente a Chelsea e Sevilha). E esta época o Benfica tem boas expectativas de chegar novamente às meias-finais, pois defronta nos quartos de final o Marselha, atual 7º classificado da Liga francesa. Já o FC Porto, só alcançou uma vez a final, mas venceu a Liga Europa em 2010/11, e frente a outra equipa portuguesa, o Sp. Braga, que nas meias-finais tinha eliminado o... Benfica.
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
"O cachecol é uma herança de família," contrapôs a advogada de Beatriz. "Quando o casamento terminou, os objetos sentimentais da família Sousa deveriam ter regressado à família."
O senhor Dr. Durão Barroso teve, enquanto primeiro-ministro, a oportunidade, de pôr as mãos na massa da desgraça nacional e transformá-la em ouro. Tantas capacidades, e afinal, nestum sem figos.
Frank Caprio praticava uma justiça humanista, prática, que partia da complexa realidade. Por isso, era conhecido ora como "o juiz mais gentil do mundo", ora como “o melhor juiz do mundo”.