A proposta de acompanhamento de grávidas de baixo risco é toda ela uma linha vermelha para a Ordem dos Enfermeiros. "Não há divergência" com Ordem dos Médicos, que, no entanto, traça a sua linha mais adiante.
No rescaldo do pronunciamento da Ordem dos Médicos sobre o plano para o acompanhamento de grávidas de baixo risco por enfermeiros especializados, o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira, reiterou a sua defesa do documento, enfatizando que "não há nenhuma divergência entre as Ordens" e que os enfermeiros não abdicam "da aplicação do plano tal como está escrito".
Grávidas
"É uma proposta técnica e cientificamente documentada e fundamentada", disse o Bastonário à SÁBADO, esclarecendo que os enfermeiros especializados neste tipo de cuidados têm "todos os conhecimentos necessários para fazer o acompanhamento das gravidezes de baixo risco", e que este projeto "vai ao encontro das necessidades das grávidas, que hoje não estão satisfeitas".
A proposta em questão, que foi enviada para o Ministério da Saúde pela Ordem dos Enfermeiros, visa permitir que enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica (EESMO) assumam, nos centros de saúde, a vigilância de grávidas de baixo risco que não têm médico de família. O projeto prevê um EESMO para cada 75 grávidas, e dez consultas por gestação, a começar a partir das seis semanas, além de mais autonomia para estes profissionais para realização e prescrição de exames e articulação com as Unidades Locais de Saúde (ULS).
À SÁBADO, Luís Filipe Barreira vinca que a proposta não faz mais do que "seguir aquilo que já é a orientação geral da saúde da União Europeia" - ainda não implementada em Portugal - e que aguarda "a sua implementação por parte do Ministério da Saúde, através de um despacho ou portaria", acrescentando que tem tido sobre ela "feedback positivo" por parte do órgão do executivo.
A Ordem dos Médicos, no entanto, que há meses admitia subsistirem "muitas dúvidas" sobre a medida - cujo objetivo é colmatar a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) -, impôs na semana passada uma série de condições sem as quais não poderá apoiar a iniciativa, comunicou o seu Bastonário, Carlos Cortes. Entre elas, contam-se a presença de um médico de família nos centros de saúde para apoiar os enfermeiros, a circunscrição da medida a zonas carenciadas, e a criação de uma comissão técnica para acompanhar a implementação da medida.
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Contactado pela SÁBADO, Carlos Cortes não quis prestar declarações antes de se reunir com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins. Questionado sobre a posição da Ordem dos Médicos, o Bastonário das Ordem dos Enfermeiros também recusou comentar, mas sublinhou que "o importante é o trabalho colaborativo entre profissionais de saúde". Quanto à proposta, volta a ser perentório: "Está assente no que é a evidência científica, tem que ser implementado".
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