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Estudo indica que espaços comuns podem levar cães a servir de alerta para cancro humano

04 de fevereiro de 2019 às 10:49
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"Onde há o cancro humano, também há o similar cancro canino", afirma investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

Um estudo realizado por uma investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que oscães, ao partilharem com um humano a mesma "exposição ambiental", podem servir de "alerta" para o surgimento dedoenças oncológicas.

Em entrevista à Lusa, a investigadora do ISPUP Katia Pinello contou que o estudo, desenvolvido desde 2013 no âmbito de uma bolsa de doutoramento, teve como objetivo avaliar a relação do linfoma não-Hodgkin (cancro que começa nos linfócitos, células que fazem parte do sistema imunitário) nos humanos e nos caninos da área do Grande Porto.

"Este estudo evidencia que onde há o cancro humano, também há o similar cancro canino, ou seja, eles têm uma correlação espacial, que pode evidenciar um fator de exposição ambiental", explicou a investigadora do Departamento de Saúde Pública Veterinária do ISPUP, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que hoje se assinala.

O estudo, publicado recentemente na revista The Veterinary Journal, reuniu informações sobre 1242 humanos e 504 cães, e concluiu que o Porto, Matosinhos e a Maia são as zonas que apresentam mais casos.

"Sabemos que 70% dos cancros são provocados por fatores ambientais. O nosso estudo comprova que há uma correlação e que pode existir um fator externo tanto no cão, como no homem. Mas, são necessários estudos de causalidade", frisou.

Além de evidenciar a correlação espacial, o estudo, que avaliou as características e semelhanças epidemiológicas, destaca a incidência do linfoma não-Hodgkin nos homens e machos, contrariamente ao panorama entre as mulheres e fêmeas.

"Tal como nos humanos a maior prevalência dos linfomas é nos homens, isso também se sucedeu nos cães. Já nas mulheres, o linfoma aparece tardiamente. Em contrapartida, nas cadelas aparece mais cedo, quando ainda são jovens. É uma diferença interessante, que recai provavelmente pela prática da esterilização", sublinhou.

Segundo Katia Pinello, o estudo, intitulado "Incidence, characteristics and geographical distributions of canine and human non-Hodgkin's lymphoma in the Porto region", realça assim a importância do conceito 'One Health' (uma saúde, na tradução para português).

"O estudo é uma chamada de atenção e queremos inseri-lo no âmbito do quadro do 'One Health', porque queremos tratar a saúde humana, animal e ambiental como apenas uma, na medida em que está tudo interligado", afirmou.

Katia Pinello revelou à Lusa que pretende agora "aumentar a colheita de dados" veterinários, de modo a conseguir fazer "uma rede de observação" para outras neoplasias e doenças.

"Esta rede vai permitir monitorizar e alargar os estudos, e perceber também se em outras doenças existe esta correlação, para assim podermos criar sistemas de alerta", acrescentou.

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