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Dador de esperma com mutação genética causa dez casos de cancro em crianças

Gabriela Ângelo 01 de junho de 2025 às 10:00
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Crianças nascidas com os gametas deste dador podem sofrer do síndrome Li-Fraumeni e em alguns casos desenvolveram cancros como leucemia e linfoma não-Hodgkin.

Um dador de esperma na Europa com uma mutação genética que o predispõe ao cancro fez com que várias crianças nascidas desenvolvessem doenças graves.

AP Photo/Wong Maye-E

Este caso reabriu uma discussão em redor da necessidade de estabelecer regulamentações internacionais para a doação de esperma, de forma a proteger as famílias e as crianças receptoras. 

Em 2023 um médico francês contactou o laboratório de Edwige Kasper, especialista em predisposição genética ao cancro no Hospital Universitário de Rouen, na França, relatando que um dos seus pacientes tinha recebido uma carta de um banco de esperma na Europa, alertando para a identificação de uma variante do gene TP53 em menos de metade dos gâmetas do dador. Este gene permite que se produza uma proteína que suprime tumores, impedindo que as células cresçam e se dividam rapidamente.

Na carta enviada, o médico explicava que as crianças que tiveram origem nestes gâmetas podem estar em risco de desenvolver a síndrome de Li-Fraumeni, uma doença hereditária rara que aumenta a probabilidade de se desenvolver cancro. Inclusive, algumas destas crianças já tinham desenvolvido leucemia e linfoma não-Hodgkin. 

Como resultado, vários departamentos de genética e pediatria por toda a Europa começaram a analisar e a investigar os seus casos, levando à testagem de 67 crianças de 46 famílias em oito países. A variante foi encontrada em 23 delas e até ao momento, 10 desenvolveram cancro. 

De forma a detetar tumores precoces, os médicos recorrem a um "protocolo de acompanhamento" que inclui "ressonâncias magnéticas de corpo inteiro, de cérebro e em adultos, ressonâncias magnéticas de mama, ultrassonografia e exame clínico por um especialista", disse Edwige Kasper ao jornal espanhol, El Economista. 

Apesar de já terem sido encontrados vestígios desta mutação genética em vários países, os investigadores continuam a identificar os casos provenientes de crianças nascidas do mesmo dador.

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