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Streamer Adin Ross entrevista "falso" Kim Jong-un

Diogo Barreto
Diogo Barreto 21 de setembro de 2023 às 16:29
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Mais de 300 mil pessoas ligaram-se para assistir à entrevista com o ditador norte-coreano. Mas depois de dias de promessa, o streamer tinha contratado apenas um ator que imitou Kim Jong-un.

Adin Ross prometeu nas suas redes sociais que ia entrevistar o ditador norte-coreano Kim Jong-un. Muitos dos seus seguidores acreditaram e ficaram desiludidos quando, ao final da noite de quarta-feira, 20 de setembro, perceberam que não se tratava do político, mas sim de um ator. No momento mais concorrido da emissão, mais de 300 mil pessoas assistiram ao direto.

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Adin Ross foi permanentemente banido da plataforma destreamingTwitch, passando a fazer os seus diretos a partir da plataforma Kick. O diretor da plataforma, Eddie Craven, já admitiu que a presença de Adin na mesma tem alguns riscos associados, mas que está disposto a corrê-los, sugerindo até que seria capaz de lhe pagar uma viagem à Coreia do Norte para entrevistar Kim Jong-un.

Esta declaração levou a que começassem a circular vários rumores até que Adin Ross anunciou: iria entrevistar Kim Jong Un, em direto, no Kick, na quarta-feira.

Dezenas de milhares de pessoas juntaram-se online para assistir ao momento e pouco antes de começar o vídeo, mais de 330 mil pessoas juntavam-se para ver a conversa. De acordo com o site Stream Charts, chegaram a estar 333.506 pessoas a assistir em simultâneo à transmissão de Adin Ross na Kick. É o número mais alto de pessoas a assistir em simultâneo ao criador de conteúdos. O anterior recorde situava-se nas 186 mil contas a assistir em direto.

O ator entrevistado e que se fez passar por Kim Jong-un é Howard X, um imitador profissional que, na sua página deCameo(siteonde se pode contratar atores para enviarem uma mensagem personalizada, em personagem) diz cobrar 196 dólares por um vídeo personalizado.

No dia 19, terça-feira, Adin Ross partilhou um alegado guião que iria apresentar a Kim Jong-un que incluía perguntas sobre o que achava o líder norte-coreano sobre a comunidade LGBT, o que achava de Andrew Tate, ou se podia visitar a Coreia do Norte.

No final da entrevista com o "falso Kim Jong-un", Adin Ross chamou o suspeito de tráfico humano Andrew Tate, para se juntar à conversa.

Os fãs de Ross dividiram-se na avaliação, tendo muitos dito que tinha sido um golpe de "génio", enquanto outros o criticaram por ter mentido à base de fãs. Houve ainda quem se mostrasse pouco surpreendido com a brincadeira.

Horas depois da transmissão, Ross disse que tinha mesmo agendada uma entrevista com Kim Jong-un, mas que a sua equipa legal havia sido avisada para que não procedesse com a mesma. "Tivemos mesmo pessoas do governo a falar com a minha equipa legal. Juro por Deus. (...) O governo vê tudo. Eles viram e ligaram à minha equipa e disseram que podia haver consequências pela entrevista."

Entrevistas com Kim Jong-un são altamente raras, principalmente com entidades estrangeiras. A última entrevista com um meio internacional foi dada em 2019, quando respondeu a perguntas do canal televisivo russo Rossiya-24.

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