Aitolá está no poder há 36 anos e é a figura mais importante do Irão, visto que possui todo o tipo de poderes. Em 1981, foi alvo de uma tentativa de assassinato que o deixou com o braço direito paralisado.
Com o desenrolar doconflito entre Israel e o Irão, uma figura central acabou por captar a atenção do público: o supremo líder iraniano - o aitolá Ali Khamenei. Agora, tanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Nethanyahu, falam na possibilidade de o aniquilarem.
Office of the Iranian Supreme Leader via AP
Numa entrevista à ABC News, na segunda-feira, Netanyahu considerou que um ataque contra o líder supremo iraniano "não vai fazer escalar o conflito, [mas sim] encerrar o conflito". Enquanto isso, um dia depois, Donald Trump escreveu nas suas redes sociais: "Sabemos exatamente onde está escondido o chamado líder supremo. Ele é um alvo fácil, mas não o vamos eliminar, pelo menos por enquanto". E alertou: "Não queremos que os mísseis sejam disparados contra civis ou soldados americanos. A nossa paciência está a esgotar-se".
De revolucionário a líder supremo
Nascido em 1939 na cidade de Mashhad, a leste do Irão, Khamenei cresceu no seio de uma família religiosa e modesta, tendo tido formação religiosa e política na década de 60. Atingiu a maioridade nos anos que antecederam a revolução de 1979 - responsável pelo derrube do então xá (o equivalente a "rei").
Khamenei, de 86 anos, foi preso várias vezes pelos serviços de segurança do autocrata Mohammed Reza Pahlavi, apoiado pelos Estados Unidos, devido à sua proximidade com o aitolá Ruhollah Khomeini, que liderou a revolução e fundou a República Islâmica do Irão, e por ter participado nos protestos de 1978. Foi, aliás, graças a Ruhollah que Khamenei conseguiu ascender na hierarquia religiosa, tendo-se tornado presidente na década de 1980. Nessa época, aprofundou teorias anti-coloniais, anti-ocidentais e traduziu livros do Egito.
Só quando o seu antecessor - o aitolá Ruhollah Khomeini - morreu em 1989, é que Khamenei foi elevado a líder supremo do Irão. Desde então, enfrentou sanções, tensões internacionais e protestos.
Foi até durante a sua liderança que se passou a fazer um extensivo controle do aparato político no país, tendo as autoridades reprimido aqueles que desobedeciam às regras. Um desses exemplos com mais repercussão internacional foi o da jovem Mahsa Amini, que morreu em 2022 pelas mãos da polícia da moralidade, por ter colocado mal o lenço para cobrir a cabeça.
Poder absoluto
Como líder supremo do Irão, Khamenei está acima de todos os poderes do país. Isso significa que o aitolá pode nomear diretores de imprensa e das principais agências de segurança, além de ter a decisão final sobre quem pode concorrer à presidência.
Além disso, o líder supremo do Irão tem também poder para controlar a política externa e militar e supervisionar o Corpo de Guardas Revolucionários - que defendem o sistema islâmico iraniano e que é separado do exército e da Força Quds, que conduz as operações estrangeiras do Irão no Médio Oriente. Como se não bastasse, a sua autoridade estende-se ao programa nuclear - colocando-o por isso no centro do ascendente conflito entre o Irão e Israel.
Durante décadas, o aitolá Khamenei esteve no centro da política externa de linha dura do Irão, tendo posicionado o país como um contrapeso à influência americana, israelita e saudita. Sob a sua liderança, o Irão treinou, armou e financiou uma rede de forças aliadas que se estendiam do Líbano ao Iémen.
Sob ameaça
Cada passo que Khamenei dá é rigorosamente controlado e a sua segurança privada é assegurada por uma unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana.
Na semana passada, quando Israel atacou o Irão, o aitolá terá sido transferido para um local secreto, onde mantém contacto com os militares. O mesmo aconteceu no ano passado, quando surgiram relatos semelhantes que indicavam que o aitolá havia sido levado para um local seguro, um dia depois do assassinato de Hassan Nasrallah - que liderava o grupo militante libanês Hezbollah há mais de três décadas.
Além disso, o seu paradeiro raramente é divuldado. Khamenei chegou a passar cinco anos sem fazer uma única aparição pública - uma rotina que foi quebrada em outubro do ano passado quando proferiu um sermão, numa mesquita em Teerão, em homenagem a Nasrallah.
Khamenei, também não viaja para fora do Irão desde que assumiu o cargo há 36 anos. Em 1981, foi até alvo de uma tentativa de assassinato que o deixou com o braço direito paralisado para sempre.
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