O novo relatório da OCDE abrange temas como as alterações climáticas, as disparidades de rendimento, o emprego e a questão da habitação, comparando e analisando regiões de cada país.
O relatório "Regions and Cities at a Glance 2024" mostra como as alterações climáticas estão a moldar o futuro das regiões e das cidades. O documento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) salienta que, dentro de cada país, algumas regiões estão a aquecer mais rapidamente do que outras e que no caso de Portugal, as regiões mais afetadas serão no interior do Norte, do Centro e do Alentejo, que terão entre 20 a 40 dias por ano com temperaturas acima dos 35ºC até 2041-2060.
fogosREUTERS
Transição ecológica e climática
Em média, as regiões da OCDE perderam 10% das suas florestas entre 2000 e 2022, sendo Portugal o país mais afetado, com a perda de mais de metade do seu manto florestal. Em algumas regiões, a perda de floresta coincide com grandes incêndios. Em Portugal, a região do Centro, e na Austrália, a região de Camberra, perderam quase 60% das suas florestas entre 2000 e 2022.
É possível observar ainda que, em geral, as cidades são líderes na transição ecológica. As emissões estão a diminuir rapidamente nas regiões metropolitanas, com uma redução de 8,4% entre 2010 e 2022, em comparação com 6,1% nas regiões distantes de uma cidade de grande ou média dimensão. O aumento da produção de eletricidade com baixo teor de carbono foi muito substancial em algumas regiões, por exemplo, no Alentejo, Portugal passou de 13% em 2017 para 65% em 2021.
O mesmo é aplicável aos sistemas de aquecimento a biomassa, como por exemplo aquecimento a lenha, que são comuns nas zonas rurais de alguns países da OCDE, como Portugal. Embora sejam melhores para o clima, os métodos de aquecimento por madeira também libertam poluentes atmosféricos, incluindo partículas que podem afetar o bem-estar ecológico. Em Portugal, 59% das habitações rurais utilizam biomassa, enquanto nas cidades são apenas 13%.
Habitação, saúde, demografia e transportes
Os preços da habitação nas grandes cidades aumentaram 68% na última década, em parte devido às pressões climáticas, tornando-as 86% mais caras do que as casas nas cidades mais pequenas em 2023. Na área metropolitana de Lisboa, entre 2013 e 2022 o preço das habitações aumentou entre 5 e 10%, e no Porto aumentou acima dos 10%.
Em Portugal, a saúde é uma área que tem estado sob pressão, nomeadamente a questão do acesso e resposta. No entanto, o relatório foca-se apenas na esperança de vida que é, em média, 2,4 anos inferior nas regiões remotas em comparação com regiões metropolitanas. A esperança média de vida em Portugal encontra-se entre os 80 e os 81 anos, nas áreas metropolitanas é ligeiramente mais elevada.
O relatório também destaca outras disparidades entre regiões e cidades. No que toca as alterações demográficas, uma em cada cinco regiões da OCDE perdeu população nas últimas duas décadas, sobretudo na Europa e na Ásia. Prevê-se que a mão de obra diminua em 64% nas regiões distantes de uma cidade de grande ou média dimensão. Metade das regiões em Portugal registaram uma diminuição de população nas últimas duas décadas. Ao mesmo tempo, muitas regiões estão também a envelhecer. Em 2023, a proporção de dependência de idosos, de pessoas com mais de 64 anos na população em idade ativa, variou entre 13% no México e 38% em Portugal, sendo que a região mais afetada é o Centro com cerca de 45%.
Apesar de não haver dados para analisar a qualidade ou quantidade de transportes públicos em Portugal, sabe-se que nas grandes cidades apenas 1 em 2 pessoas que vivem nos subúrbios pode chegar ao transporte público em 10 minutos a pé, os projetos urbanos de baixa densidade, orientados para a utilização de automóveis agravam esta diferença. No caso de Portugal apenas é possível observar, na transição ecológica, que na Área Metropolitana de Lisboa, as pessoas escolhem deslocar-se mais de carro do que a pé ou de transportes públicos
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