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O que faz de MrBeast o rei do entretenimento online?

Diogo Barreto
Diogo Barreto 04 de junho de 2025 às 07:00
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Organizador de concursos, competitivo, filantropo e polémico. James Donaldson tem 400 milhões de subscritores no YouTube e é um ícone para milhões de jovens pelo mundo inteiro.

Não é um esforço hercúleo, mas houve 400 milhões de utilizadores que perderam alguns segundos para abrir um vídeo do canal MrBeast e tocar no botão de "subscrever" o canal. A subscrição de canais no YouTube correspondem a um sinal de que o consumidor quer ver mais vídeos daquela pessoa e possivelmente até será avisado quando um novo vídeo sair naquele canal. E uma potencial audiência de 400 milhões de pessoas é um excelente chamariz para qualquer empresa em busca de possíveis compradores. Mas como é que este americano de 27 anos se tornou num dos maiores nomes do entretenimento mundial?

Mr Beast
Mr Beast AP Photo/Rebecca Blackwell

James Donaldson lançou o seu primeiro vídeo no YouTube quando tinha apenas 13 anos, em 2012. O seu conteúdo era relacionado com jogos populares entre jovens da sua idade, como Minecraft ou Call of Duty. A maior parte das vezes não mostrava a cara e tinha mais sucesso quando falava de outros youtubers do que quando mostrava jogos.

Em 2016, quando tinha 18 anos decidiu abandonar a faculdade e dedicou-se com amigos a estudar a sério o YouTube. Procuravam perceber o que garantia a viralidade de um vídeo estudando com todas as ferramentas ao seu dispor o algoritmo da plataforma de partilha de vídeos. Em entrevista à Rolling Stone em 2022, Donaldson contava: "Houve um período de cinco anos na minha vida em que estava obcecado em estudar a viralidade e o algoritmo do YouTube. Acordava. Pedia comida no Uber Eats. E ficava sentado no computador o dia todo a estudar merdas o dia inteiro".

Foi aí que descobriu a fórmula. Um título atrativo, uma imagem inicial impactante e, em especial para o seu canal, uma "gamificação" do conteúdo. Este último aspeto é talvez o mais importante dos canais de MrBeast: quase todos os seus vídeos apontam para uma ação e para um número alto - quer referente a dinheiro, minutos, horas ou pessoas. O seu primeiro vídeo viral tinha como título "Eu contei até 100.000!" E o vídeo é exatamente o que está prometido: o jovem sentado na sua cadeira a olhar para a câmara e a contar desde o 1 até ao 100 mil num vídeo de quase 24 horas (sendo que demorou quase 40 horas a gravar). Atualmente este vídeo tem mais de 30 milhões de visualizações no YouTube.

Entretanto o jovem percebeu o que o seu público queria. Experimentou novos vídeos que o colocavam no abismo: estar uma hora a olhar para tinta a secar, jogar às escondidas num estádio ou aguentar 24 horas debaixo de água.

E como em quase todos os casos de sucesso do YouTube, o canal cresceu mais com as consequentes polémicas. Uma das primeiras estava relacionada com o vídeo "Abri um banco gratuito" em que foi acusado de ter usado dinheiro falso durante o vídeo. Num esclarecimento, Donaldson reconheceu usar notas falsas, mas assegurou que os cheques que deu às pessoas eram reais. Em 2021 lançou o vídeo "$456.000 - Squid Game na Vida Real!" um vídeo onde recriava os jogos da popular série coreana. Em três anos o vídeo foi visto mais de 800 milhões de vezes, apesar das críticas que recebeu quando o lançou. Críticos acusaram o youtuber de não ter percebido o propósito da série e de estar apenas a perpetuar o comportamento criticado pela série.

As críticas

Com o aumento do sucesso e com cada vez mais pessoas a conhecerem o seu conteúdo, começaram também a surgir mais críticos. Em maio de 2021, num artigo do New York Times, um ex-editor de vídeo denunciou Donaldson pela forma como tratava os seus empregados. Outros funcionários que denunciaram as condições duras do trabalho foram ameaçados pelos seguidores de MrBeast nas redes sociais. Donaldson refutou as acusações de promover um ambiente tóxico.

Em fevereiro deste ano uma nova polémica envolveu Donaldson quando disse ao canal Diary of a CEO no YouTube que é mais fácil viver quando não se tem tanto dinheiro como ele. "A pessoa comum não quer viver esta vida… A trabalhar a todo o instante. (...) É tão mais fácil quando não tens dinheiro, e não tens de estar constantemente a viajar. A vida é tão fácil quando acordaste na tua própria cama e trabalhas 15 horas comparando com esta situação em que não sabes onde estás e em que fuso horário… Alguns dias vou até às dez da manhã, em outros dias vou até às cinco da tarde", explicou MrBeast.

Cinco participantes do programa Beast Games, da Prime Video, interpuseram um processo contra a produtora de MrBeast, a MrB2024, e a Amazon em Los Angeles. Anunciado como o maior reality show de competição de todos os tempos, o Beast Games contou com mil participantes, que disputaram um prémio de cinco milhões de dólares. Os concorrentes denunciaram um ambiente "de misoginia e sexismo" durante as gravações.

Numa entrevista à Time em 2024, MrBeast revelou ter um rendimento anual entre os 600 e os 700 milhões de dólares - entre 574,7 e os 670,4 milhões de euros.

Além dos vídeos

Com várias empresas na sua órbita, Donaldson não fez a sua fortuna com o YouTube, mas sim com empresas como a Feastables, empresa de chocolates e snacks que faturou cerca de 250 milhões de dólares em 2024, enquanto a empresa dos vídeos - a Beast Industries - perde dinheiro. De acordo com o próprio, cada vídeo do seu canal custa mais de um milhão de dólares a produzir e só a imagem inicial custa mais de 10 mil euros por vídeo.

A Amazon investiu cerca de 100 milhões de dólares para produzir Beast Games, um reality show baseado nos desafios do youtuber. No entanto, o projeto terminou no vermelho com Donaldson a admitir ter perdido "dezenas de milhões de dólares" na produção.

A filantropia

Um dos principais aspetos da carreira mediática de MrBeast é o seu lado filantropo.

O norte-americano tem uma instituição de caridade que funciona como um banco alimentar que ajuda comunidades mais desfavorecidas nos Estados Unidos e ajudou a arrecadar dezenas de milhões de dólares em prol do meio ambiente.

Tem também vídeos a mostrar-se a construir poços em África, a doar livros a escolas ou a pagar cirurgias a cegos e surdos.

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