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Humoristas regressam a Portugal e falam em "tratamento desumano"

Diogo Barreto
Diogo Barreto 21 de julho de 2025 às 21:07
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Gilmário Vemba diz que não sabe se houve motivação política por trás da proibição dos humoristas de entrarem em Moçambique.

Os humoristas Gilmário Vemba, Hugo Sousa e Murilo Couto já regressaram a Lisboa depois de terem sido impedidos de entrar em Moçambique este domingo, tendo ficado retidos no aeroporto de Maputo durante a noite. Os três iam apresentar o espetáculo Tons de Comédia no Centro Cultural China Moçambique, mas viram-se forçados a cancelar o evento por não poderem entrar no país.

D.R.

"O tratamento foi desumano. O aeroporto de Moçambique não tem condições para albergar pessoas", afirmou Gilmário Vemba à chegada a Portugal, afirmando ainda desconhecer o porquê de não terem podido entrar no país. Questionado sobre se a recusa de entrada pode ter tido uma "motivação política", já que Vemba apoiou publicamente Venâncio Mondlane, antigo candidato à presidência moçambicana - e que sugeriu que os humoristas tinham sido barrados por motivos políticos -, o humorista angolano afirmou que não sabia se era isso. "Da minha parte, não consigo afirmar que seja isso. Alegaram que não tínhamos o tal visto [de visita para fins culturais]", afirmou. "Consigo apenas dizer o que o me foi dito no aeroporto", respondeu, acrescentando que falou com Mondlane e salientando que receberam um tratamento "completamente desnecessário".

O diretor-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami) moçambicano tinha justificado a recusa de entrada no país aos humoristas por o terem tentado fazer com visto de turismo, quando pretendiam realizar um espetáculo. "Vieram ao país mas não obedeceram aos critérios pelos quais eles vinham. Porque eles vinham para dar um espetáculo, um 'show'. É uma atividade cultural", disse o diretor-geral, Zainedine Danane, questionado pela Lusa à margem do evento que assinalou hoje os 50 anos do Senami, em Maputo.

Em comunicado, a agência responsável pelo espetáculo já tinha mencionado que o local não tinha "condições adequadas", falando em "falta de água, comida ou comodidade mínima" para que os humoristas ali pernoitassem. Mas foi o que aconteceu, com a "produção local" a ter conseguido providenciar-lhes "comida e bebida".

Gilmário Vemba disse ainda que ficou surpreendido com a alegação de falta de visto, porque em 2024 esteve em Maputo, com o mesmo produtor, nas mesmas condições que as atuais e não houve qualquer problema na entrada. Questionado se tencionam regressar a Maputo para apresentar o espetáculo, Vemba respondeu que apenas o farão "se houver garantias que nada disto aconteça outra vez". "Nós andámos um bocadinho por este mundo e obviamente que nós nos preparámos para todos os países que nós fomos para garantir que nada de errado acontece. É uma logística muito grande e não aconteceu em nenhum país, tanto aqui na Europa, nem em Angola, nem em São Tomé, nem em Cabo Verde e não percebemos porquê", adiantou.

Hoje, à chegada, os humoristas lembraram que Angola e Portugal gozam de isenção de visto em Moçambique e que o visto de turista seria uma solução para o grupo poder sair do aeroporto no domingo, até regressar no dia seguinte para embarcar para Portugal, tendo em conta que o espetáculo já tinha sido cancelado.

Com Lusa