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Depósito de embalagens de plástico com retorno financeiro: "É um passo pequeno" e "não ideal"

A partir de abril, por cada embalagem de plástico e metal deixada em pontos de recolha o consumidor poderá ser reembolsado em 10 cêntimos. À SÁBADO a vice-presidente da ZERO defende este sistema, mas considera que a "recolha porta a porta tem melhores resultados".

A partir de 10 de abril, quem adquirir embalagens de plástico ou metal nos supermercados, como garrafas de água ou latas de cerveja, pode ver parte deste valor (ao que tudo indica 10 cêntimos) reembolsado, caso estas sejam entregues vazias em pontos de recolha, anunciou na terça-feira a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho. À SÁBADO, a vice-presidente da associação ambientalista ZERO considera que este sistema "é um pequeno passo", mas que "não é o ideal".

Reembolso de embalagens de plástico: um passo pequeno para reciclagem
Reembolso de embalagens de plástico: um passo pequeno para reciclagem iStockphoto

"É um sistema que já foi implementado em vários países e que, desde que seja bem explicado, é simples e funcional", defendeu Susana Fonseca.

Ainda assim, diz existirem "outras metodologias" capazes de promoverem melhor a reciclagem. "Os ecopontos servem até determinado ponto. Se quisermos atrair mais utilizadores, a recolha porta a porta tem melhores resultados. O que seria também importante implementarmos é o método Pay as you Throw - onde as pessoas que separam [as embalagens] pagam menos do que as que não fazem a separação."

Apesar de a ZERO defender este Sistema de Depósito e Reembolso (SDR) , Susana Fonseca sublinha que este deveria incluir as embalagens de vidro. "O que nos chocou mais foi o facto de não terem considerado o vidro. Portugal não cumpre as metas de reciclagem do vidro há décadas e mesmo assim prefere importar matéria-prima em vez de aproveitarmos a que cá está e que é mandada para o aterro. O que vamos recuperar de metal e plástico, comparando com o vidro, corresponderá a menos de 10% do universo."

Segundo Susana Fonseca, apesar de outros países terem sistemas de recolha de embalagens de vidro, em Portugal ainda "há grandes oposições". "Dizem que é um material trabalhoso e que pesa. Para mim é falta de vontade política."

Em Portugal, na implementação do SDR prevê taxas de reciclagem na ordem dos 90% "superior às que temos hoje". A própria Susana Fonseca reconhece que este projeto deverá ter grande mobilização. "Pelo menos houve muitas pessoas a aderirem aos projetos-piloto", recorda. "Em Portugal, as pessoas também se adaptam rapidamente porque a questão financeira é um sinal forte". Ainda assim, lamenta a sua entrada em vigor "tardia", uma vez que este projeto "era suposto funcionar em 2022".

Este sistema funcionará à base de 2.500 máquinas que espalhadas por oito mil pontos no País. Sobre se os idosos se poderão adaptar a este sistema, respondeu: "Não vemos grandes dificuldades na implementação. Os outros países também têm população envelhecida e adaptaram-se. Além disso, as pessoas que no passado já lidaram com estas máquinas devem-se lembrar como funcionam."

Mas para que haja uma fácil adaptação defende que é necessário haver "comunicação". "Durante o primeiro ano, as autoridades devem verificar como estão a correr as coisas e nos primeiros momentos a comunicação vai ser bastante importante porque as pessoas vão ter de interagir com máquinas. Se virmos que [este valor] não é suficiente para atingir as metas lá terá de se aumentar", afirma.

Para já, nos restantes países, o resultado tem sido positivo.

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