Carlos César falava na Assembleia da República na parte final do debate parlamentar sobre os programas de Estabilidade e Nacional de Reformas, numa intervenção em que sinalizou a oposição dos socialistas face aos projectos de resolução do BE, PCP, PSD e CDS-PP, que serão votados na próxima quinta-feira.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS frisou que o seu partido não pode prescindir de um caminho de "equilíbrio" entre investimento e consolidação orçamental, "pelo que não se pode rever na maior parte das conclusões de qualquer dos projectos de resolução apresentados a propósito dos documentos hoje em apreciação".
Mas, Carlos César deixou também, em duas passagens do seu discurso, votos de confiança na actual solução política que suporta o Governo minoritário socialista.
"O PS está comprometido com a convergência da esquerda portuguesa, numa agenda que integra aspirações históricas e actuais de combate às desigualdades, de modernização e de sustentabilidade, de coesão interna e europeia, e da qual têm resultado benefícios transversais na sociedade portuguesa. Importa, por isso, preservar esse património político e continuar a dar conteúdo a essa ambição", acentuou.
No entanto, logo a seguir, Carlos César advertiu também que essa ambição "não pode ser destruída pela precipitação e imponderação, em substituição da gradualidade e da precaução".
No plano político, Carlos César optou por desvalorizar as diferenças entre o PS e as restantes bancadas da esquerda em relação ao Programa de Estabilidade, dizendo que essas "reservas" do BE, PCP e PEV face a metas do défice e da dívida são conhecidas.
"Os resultados que temos conseguido mostram que valeu a pena, continua a valer a pena trabalharmos como temos trabalhado. É isso que continuaremos a fazer ao longo da execução orçamental deste ano e é isso que contamos continuar a fazer no Orçamento de Estado para 2019, em negociação e colaboração com os nossos parceiros parlamentares", sustentou o líder da bancada socialista.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu, em seguida, um caminho de gradualismo ao nível da gestão dos dinheiros públicos, alegando que é preciso evitar erros do passado.
"Nós aprendemos com os desequilíbrios orçamentais do passado e temo-lo provado", afirmou, antes de aludir de forma indirecta ao resgate financeiro a que Portugal foi sujeito em 2011 ao insistir na tese de que o actual Governo não pode agir "como se o passado não tivesse mostrado riscos, avisos, consequências e lições".
"Se, depois dos efeitos negativos da crise internacional, no final da década passada, que não conseguimos ou não pudemos evitar, voltássemos a esses descuidos, comprometeríamos, certamente, este percurso de recuperação e de ganhos de que os portugueses estão a beneficiar e que se devem a uma governação inteligente que a esquerda pode hoje reclamar e da qual não se deve afastar", defendeu Carlos César.