Sábado – Pense por si

Obama nega declínio económico dos EUA e defende políticas ambientais

No seu último discurso do Estado da União, o presidente americano também considerou a prisão de Guantánamo "inútil"

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou hoje que falar em declínio da economia norte-americana é uma "ficção" e pediu para se "acelerar a transição energética" do país, maior consumidor de petróleo do mundo.

"Já vos disse que todas as discussões sobre o declínio da economia norte-americana eram uma ficção política (...). Os Estados Unidos da América são a nação mais potente do mundo", afirmou Obama, no tradicional discurso do Estado da União diante das duas câmaras do Congresso (Câmara dos Representantes e Senado), que arrancou pelas 21h10 (2h10 de quarta-feira em Lisboa).

Naquele que é o seu último discurso do Estado da União, Obama destacou a recuperação económica alcançada durante o sua Administração, mas também reconheceu que ocorreram "mudanças profundas" que mantêm muitos norte-americanos preocupados.

"Os Estados Unidos têm a economia mais forte e duradoura do mundo. Mais de 14 milhões de novos postos de trabalho, os dois anos de maior crescimento do emprego desde os anos 1990, o desemprego reduzido a metade. Qualquer um que diga que a economia dos EUA está em declínio está a vender ficção", frisou.

O Presidente dos EUA admitiu, contudo, que "muitos norte-americanos" estão preocupados porque a economia "tem estado a mudar de forma profunda", citando a substituição de postos de trabalho pelas tecnologias de autómatos, a liberdade de movimento internacional para as empresas e o aumento das desigualdades.

"As empresas numa economia global podem estar localizadas em qualquer sítio e enfrentam maior concorrência. Como resultado, os trabalhadores têm menor capacidade de negociação. As empresas são menos fiéis às suas comunidades e mais e mais riqueza se concentra nas mãos dos mais ricos", apontou.

Segundo Obama, todos estes factos "espremeram" os trabalhadores, "incluindo os que têm emprego e incluindo quando a economia está em crescimento", e fizeram com que hoje seja "mais difícil" para uma família trabalhadora sair da pobreza, para os jovens iniciarem as suas carreiras profissionais e para os trabalhadores reformarem-se.

O Presidente dos Estados Unidos aproveitou ainda para lançar críticas aos bancos de Wall Street, cuja "temeridade" foi a causa da crise financeira, "e não as pessoas que vivem das ajudas governamentais para receber alimentos".

"Os imigrantes não são a razão pela qual os salários não subiram o suficiente, este tipo de decisões toma-se em salas de reuniões que com demasiada frequência colocam os resultados trimestrais acima dos retornos a longo prazo", acrescentou.

No capítulo do ambiente, Obama garantiu que vai exercer pressão para que haja "mudanças" e renovou a sua aposta nas energias limpas e o combate às alterações climáticas.

"Em vez de subsidiar o passado, devemos investir no futuro, especialmente nas comunidades que vivem dos combustíveis fósseis. Por isso, vou pressionar para mudar a maneira como gerimos os nossos recursos de petróleo e de carvão para que reflitam melhor os custos que representam para os contribuintes e para o planeta", apontou, admitindo que, porém, tal "não se faz do dia para a noite" e que há muitos "interesses" que querem proteger o status quo.

"Mesmo que não fosse o planeta que estivesse em jogo (...) por que quereríamos deixar passar a oportunidade para as empresas dos Estados Unidos produzirem e venderem a energia do futuro?", questionou.

Obama também se dirigiu à oposição republicana neste capítulo, que recriminou por diversas ocasiões por continuar a negar as mudanças climáticas, dizendo-lhe, desta feita, que se quer "discutir a ciência, que o faça", mas advertindo que estarão "muito sozinhos".

"A maioria dos líderes empresariais dos Estados Unidos, a maioria do povo norte-americano, a quase totalidade da comunidade científica e 200 países de todo o mundo estão de acordo de que se trata de um problema e tentam solucioná-lo", concluiu.

Obama considera prisão de Guantánamo "inútil"

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reafirmou a sua promessa de tentar encerrar a prisão de Guantánamo, durante o seu último discurso do Estado da União, na terça-feira à noite.

Esta prisão, localizada em Cuba, "apenas serve de folheto de recrutamento para os nossos inimigos", sublinhou Barack Obama no tradicional discurso diante do Congresso dos Estados Unidos.

"Vou continuar a esforçar-me para fechar a prisão de Guantánamo: é cara, é inútil e não é mais do que um panfleto de recrutamento opara para os nossos inimigos", sustentou.

Encerrar a prisão de Guantánamo constituiu uma das principais promessas da primeira campanha eleitoral de Obama. São 103 os presos que permanecem em Guantánamo após as transferências de presos para terceiros países anunciadas nos últimos dias.

A Administração norte-americana prevê transferir, esta quinta-feira, de uma só vez, dez detidos, segundo informaram na terça-feira funcionários da Defesa ao canal de televisão Fox News.

Os detidos que aguardam julgamento pelas comissões militares criadas para julgar combatentes jihadistas ou que não podem ser colocados em liberdade - por serem considerados uma ameaça - são "o maior desafio" para encerrar a prisão, segundo admitira Obama em Dezembro último.

Obama adiantou que vai apresentar ao Congresso um plano para fechar a prisão e que não descarta usar a sua autoridade executiva para o fazer, no caso de os deputados não colaborarem.

O chefe de gabinete de Obama, Denis McDonough, reiterou no domingo, dia 10 de Janeiro, numa entrevista, que o Presidente continua comprometido com o encerramento de Guantánamo antes de abandonar o poder.

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.