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Jornal independente russo Novaya Gazeta suspende publicação

28 de março de 2022 às 16:20
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O jornal anunciou a suspensão das suas publicações até ao final da intervenção militar na Ucrânia, num momento em que o poder russo acentua as pressões contra as vozes críticas.

O jornal independente russo Novaya Gazeta anunciou hoje a suspensão das suas publicações digitais e em papel até ao final da intervenção militar na Ucrânia, num momento em que o poder russo acentua as pressões contra as vozes críticas.

Em simultâneo, o Ministério da Justiça russo anunciava ter incluído hoje o canal televisivo alemão Deutsche Welle (DW) na lista de "agentes estrangeiros", depois de as autoridades russas já terem forçado em fevereiro a estação a suspender as suas emissões no país.

Em comunicado, o Novaya Gazeta, cujo chefe de redação Dmitri Muratov recebeu em 2021 o prémio Nobel da Paz, indicou ter adotado esta medida após ter recebido uma segunda advertência do regulador russo de telecomunicações, em menos de uma semana, por ignorar a controversa lei de "agentes estrangeiros".

"Não existe outra solução. Para nós e, sei-o, para vós, é uma decisão terrível e dolorosa. Mas é necessário que nos protejamos uns dos outros", escreveu Muratov numa letra dirigida aos leitores do jornal.

Em concreto, o Novaya Gazeta foi criticado por não ter precisado que uma organização não-governamental (ONG) mencionada num dos seus artigos era considerada "agente do estrangeiro" pelas autoridades russas, como exige a lei.

O jornal recebeu um primeiro aviso em 22 de março, e um segundo hoje.

Após o início da intervenção militar russa no território ucraniano em 24 de fevereiro, as páginas digitais de numerosos 'media' russos ou estrangeiros foram bloqueadas.

O jornal Novaya Gazeta era o último bastião da imprensa independente ainda ativo na Rússia.

As autoridades russas aprovaram diversas leis que preveem pesadas penas de prisão para o que classificam como "falsas informações" sobre o conflito na Ucrânia.

A lei sobre "agentes do estrangeiro" é outra arma utilizada pelas autoridades contra as organizações ou indivíduos críticos do Kremlin.

Os que são considerados como "agentes do estrangeiro" têm de se apresentar nessa qualidade em todas as suas publicações, incluindo nas redes sociais. E os 'media' que os mencionam também devem precisá-lo de cada vez.

As consequências pelo incumprimento desta lei podem ser pesadas. Em dezembro, a ONG Memorial, que foi qualificada de "agente do estrangeiro", foi proibida por não ter precisado esse estatuto em diversas publicações.

Fundado em 1993, o Novaya Gazeta possui uma grande reputação devido às investigações sobre corrupção e atentados aos direitos humanos na Chechénia. Este envolvimento custou a vida a seis dos seus colaboradores, incluindo a jornalista Anna Politkovskaia, assassinada em 2006.

Ainda hoje, e ao justiçar a inclusão da DW na lista de agentes estrangeiros, o comunicado oficial precisou que esta decisão corresponde à lei que criou um registo de diversos 'media' estrangeiros considerados agentes do exterior.

Em 03 de fevereiro, o Ministério dos Negócios Estrangeiro russo anunciou o encerramento da delegação deste canal alemão na Rússia e a anulação das acreditações dos respetivos funcionários.

Também anunciou, como medida de retaliação, a intenção de elaborar uma lista negra dos envolvidos na proibição do canal russo Russia Today (RT) na Alemanha, que passaram a ter proibida a entrada em território russo.

As autoridades de supervisão dos meios de comunicação da Alemanha proibiram a emissão dos conteúdos em alemão da RT ao alegar que a emissora não possuía a devida licença.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.119 civis, incluindo 139 crianças, e feriu 1.790, entre os quais 200 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo quase 3,9 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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