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CDS-PP: só "incompetência" fará o país não sair do défice excessivo

O primeiro-ministro reiterou que o executivo socialista não irá aumentar o IRS, o IRC ou o IVA

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, disse hoje que apenas por "muita incompetência" do Governo Portugal não ficará fora do procedimento de défice excessivo, depois do défice de 2015 "sem o efeito Banif" ter ficado em 3,03%.

"Devo dizer que 3,03% estaremos a falar de 60 milhões de euros, se não ficarmos fora do procedimento de défice excessivo por isso é muita incompetência do seu Governo", afirmou Assunção Cristas, durante a intervenção da bancada do CDS-PP no debate quinzenal no parlamento com o primeiro-ministro, António Costa.

António Costa, que tinha acabado de confirmar o número de 3,03% de défice em 2015, avançado esta semana pelo ministro das Finanças, não respondeu às críticas de Assunção Cristas, falando apenas da questão do desemprego, igualmente abordada pela líder do CDS-PP.

Antes, a líder do CDS-PP tinha retomado a linha da intervenção seguida pelos sociais-democratas, voltando a questionar António Costa sobre um eventual aumento de impostos, a criação ou reposição de novos impostos ou a possibilidade de cancelar medidas já anunciadas como a baixa do IVA na restauração.

Na resposta, o primeiro-ministro reiterou que o executivo socialista não irá aumentar o IRS, o IRC ou o IVA e assegurou que, "apesar da oposição do CDS", a redução do IVA na restauração é mesmo para colocar em prática a 1 de Julho.

"É com gosto que faço areprise da minha resposta [ao PSD)", ironizou, confessando que "esperava um bocadinho mais" da intervenção de Assunção Cristas "do que ser eco da pergunta já feita pelo PSD".

A propósito dos impostos, o primeiro-ministro recordou ainda a tradição do CDS-PP - "que era ser o campeão dos contribuintes" - considerando que, após quatro anos num Governo que "foi o campeão do aumento dos impostos", "um bocadinho de pudor não lhe ficava mal relativamente a um Governo que foi o primeiro em 20 anos que se estreou sem começar por aumentar o IRS que jurou não aumentar".

"Alguma prudência senhora deputada", aconselhou António Costa, dirigindo-se directamente a Assunção Cristas.

Já depois da líder do CDS-PP ter assinalado a ausência de resposta do primeiro-ministro à sua pergunta sobre a possibilidade de reintrodução do imposto sucessório, António Costa voltou a assinalar as semelhanças da "técnica usada" pelos democratas-cristãos com a "técnica" do PSD.

"Em vez de criticar medidas do governo, a senhor deputada 'hipotisa' [sic], coloca como hipótese eventuais medidas do Governo para se colocar na eventualidade de se opor a essas medidas", disse.

Já no final da sua intervenção, Assunção Cristas recuperou ainda o apelo aos consensos deixado pelo Presidente da República no discurso do 25 de Abril, perguntando ao primeiro-ministro se está disponível para consensos em matéria de reforma do sistema de pensões e reforma da segurança social.

"Os consensos não se definem em abstracto", respondeu António Costa, argumentando não conhecer qualquer proposta do CDS-PP.

"Registo a ausência de pensamento do Governo sobre a matéria", replicou a líder do CDS-PP, assegurando que o partido irá apresentar propostas concretas.