A impulsionar a recuperação esteve a procura interna, refletindo o aumento do consumo privado e do investimento.
A economia portuguesa cresceu 4,9% em 2021 e 5,8% em termos homólogos no quarto trimestre do ano passado, confirmou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Nas contas nacionais trimestrais publicadas hoje, o organismo de estatística, manteve a variação de crescimento de 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, divulgada em 31 de janeiro, e que corresponde a uma décima acima do esperado pelo Governo na proposta do Orçamento do Estado para 2022, entregue em outubro, e o mais elevado desde 1990.
"Em 2021, o PIB registou uma taxa de variação de 4,9% em volume, a mais elevada desde 1990, após a histórica diminuição de 8,4% em 2020, que refletiu o efeito negativo extraordinário da pandemia covid-19 na atividade económica. Em termos nominais, o PIB aumentou 5,7% em 2021 (diminuição de 6,7% em 2020), atingindo cerca de 211 mil milhões de euros", refere o relatório do INE.
A impulsionar a recuperação esteve a procura interna, refletindo o aumento do consumo privado e do investimento.
O organismo de estatística detalha que a procura interna "recuperou significativamente" no ano passado, com uma taxa de variação de 5% em termos reais, que compara com a queda de 5,6% no ano anterior, passando de um contributo para a variação anual do PIB de -5,5 pontos percentuais (p.p.) em 2020 para 5,2 p.p..
Já o consumo privado - as despesas de consumo final das famílias residentes e das instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias - registou "um crescimento de 4,4%, em termos reais, recuperando parcialmente da redução de 7,1% registada em 2020".
"Esta evolução refletiu principalmente o comportamento do consumo privado em bens correntes não alimentares e serviços, que passou de uma diminuição de 10,4% em 2020 para um aumento de 5,4%", explica o INE, indicando que, por outro lado, a componente de bens alimentares abrandou, passando de um crescimento de 4,8% em 2020 para 1,5% em 2021.
Também a componente de bens duradouros aumentou 4,6% em 2021, "verificando-se um ligeiro crescimento da componente de veículos automóveis, após a histórica diminuição do ano anterior, e uma aceleração das despesas em outros bens duradouros".
Já o consumo público acelerou "significativamente em termos reais", registando uma taxa de variação de 5%, que compara com 0,4% no ano anterior, tendo em termos nominais aumentado 5,8%.
A contribuir para o comportamento da procura interna esteve também o aumento em termos reais de 7,2% do investimento, recuperando da diminuição de 5,7% registada no ano anterior.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) aumentou 6,1% (-2,7% em 2020) enquanto a Variação de Existências apresentou um contributo de +0,2 p.p. para a variação anual do PIB (-0,5 p.p. em 2020), indica o INE.
Já a procura externa líquida apresentou um contributo de -0,2 p.p., após o contributo de -2,9 p.p. em 2020, tendo as exportações e as importações de bens e serviços crescido 13% e 12,8% em 2021, que compara com as quedas de 18,6% no caso das exportações e quebras de 12,1% no das importações registadas em 2020.
O INE explica que as exportações de bens em volume aumentaram 11,1% em 2021 (-11,4% em 2020), enquanto as exportações de serviços registaram uma taxa de variação de 18,6% (-34,0% em 2020).
"No caso dos serviços, aquele resultado reflete o aumento expressivo da componente de turismo (variação de 25,5%) após a forte contração observada em 2020, situando-se ainda cerca de 50% abaixo do nível verificado em 2019. Com uma evolução semelhante, as importações de bens cresceram 11,9% (-10,3% em 2020) e as de serviços 18,1% (-21,1% em 2020)", dá nota o relatório.
Em termos nominais, o saldo externo de bens e serviços foi mais negativo em 2021, passando de -2,1% do PIB em 2020 para -3% do PIB.
Em 2021, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços base registou uma taxa de variação de 4,4% em volume, recuperando parcialmente da diminuição de 7,2% em 2020.
O INE confirmou ainda a expansão homóloga do PIB de 5,8% no quarto trimestre de 2021 e de 1,6% em cadeia.
Para a evolução homóloga o INE explica que "o contributo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB foi positivo, contrariamente ao trimestre anterior, em consequência da aceleração em volume das Exportações de Bens e Serviços", salientando que também se registou um contributo positivo da procura interna, ligeiramente superior ao observado no terceiro trimestre.
"Refira-se ainda que no quarto trimestre de 2021 se verificou uma perda significativa nos termos de troca, mais intensa que nos dois trimestres precedentes, em resultado do crescimento pronunciado do deflator das importações, nomeadamente de bens energéticos e matérias-primas", acrescenta.
Já na comparação em volume com o terceiro trimestre verificou-se uma diminuição do contributo positivo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB.
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