Imagens foram difundidas num documentário sobre o ator francês, que já estava sob investigação. No dia em que foi transmitido, outra mulher que o tinha denunciado morreu.
A Queda do Ogre. Foi este o nome dado ao documentário transmitido no dia 7 de dezembro na televisão francesa em que é revelado o comportamento e explicadas as queixas feitas contra o ator Gérard Depardieu, por violação e agressões sexuais. Entre as imagens, vê-se momentos inéditos em que o francês faz comentários sexuais acerca de uma rapariga de dez anos que montava a cavalo.
Bertrand Rindoff Petroff/Getty Images
"As mulheres adoram montar a cavalo. Elas têm a vagina que se esfrega na sela. São grandes putas. Se o cavalo galopar, ela tem um orgasmo", afirmou em imagens captadas há cinco anos.
« Si jamais il galope, elle jouit. C’est bien ma fifille, continue ! »
Dans des images inédites dévoilées par #ComplementDenquete on découvre Depardieu sexualiser une enfant, grogner et parler de leur « chatte » à quasiment toutes les femmes qu’il croisepic.twitter.com/EoiOkfzZZ7
As declarações de Depardieu foram comentadas pela ministra francesa da Cultura, Rima Abdul Malak, que considerou serem "contrárias à dignidade do ser humano, no que diz respeito às mulheres e às crianças". "O que me chocou, são as propostas que vimos na reportagem que são feitas por Gérard Depardieu. São ditas em tom de brincadeira e de provocação quando são extremamente graves, de uma violência terrível", sustentou.
Apesar de o documentário só agora surgir, o ator francês já estava a ser investigado por pelo menos duas queixas. Uma delas, de 2018, acusa o ator de violação e agressões sexuais. Foi feita por uma mulher que em 2021 decidiu sair do anonimato: Charlotte Arnould.
Em 2023, surge outra queixa, por agressão sexual. Saiu de um trabalho feito em 2023 pelo site Mediapart, que juntou 13 mulheres que testemunharam as suas experiências ao trabalhar com o ator entre 2004 e 2022. Denunciaram propostas sexuais e toques impróprios na rodagem de vários filmes, que também não foram alvo de censura pelos responsáveis dos filmes.
12 mulheres não fizeram queixa, ao contrário de Hélène Darras, que denunciou uma agressão sexual em 2007 durante a rodagem do filme Disco.
Gérard Depardieu nega todas as acusações.
O documentário A Queda do Ogre também levou o primeiro-ministro do Quebeque (Canadá), François Legault, a irradiar Depardieu da Ordem Nacional do Quebeque. "As propostas escandalosas feitas por Gérard Depardieu perante as câmaras chocaram o público internacional, com razão. O seu comportamento mancha a reputação dos membros da Ordem", justificou.
As imagens em que Depardieu se refere à menina de dez anos foram retiradas de um documentário nunca concluído e suscitaram protestos do realizador do mesmo, Yann Moix, que alega que foram mostradas sem o seu consentimento. As mesmas terão chegado ao canal enviadas pelo seu produtor, que não o consultou.
As autoridades estão ainda a investigar as causas da morte de uma atriz de 60 anos, Emmanuelle Debever, que denunciou Gérard Depardieu por violência sexual no Facebook em 2019. Emmanuelle Debever morreu no dia 7 de dezembro – quando o documentário foi difundido – depois de, a 29 de novembro, se ter alegadamente atirado de uma ponte para o rio Sena. Na altura, ainda foi reanimada pelos bombeiros, mas morreu dias mais tarde.
No seu testemunho, Emmanuelle Debever recordou a rodagem do filme Danton, em 1982. "O monstro sagrado permitia-se muita coisa durante essa rodagem… Aproveitava a intimidade dentro de uma carroça. Ao deslizar a sua pata grosseira no meu saiote para como dizia eu me sentir melhor. Eu não o deixei fazer nada."
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