Sábado – Pense por si

Do novo Golfo da América à política dos dois géneros. O que disse Trump no primeiro discurso

Ana Bela Ferreira
Ana Bela Ferreira 20 de janeiro de 2025 às 19:57
As mais lidas

O republicano tomou posse esta segunda-feira como 47º presidente dos EUA. Anunciou fronteiras fechadas e regresso à exploração do petróleo e gás.

Donald Trump regressou esta segunda-feira à Casa Branca, depois de ter perdido a reeleição em 2020. No seu discurso de tomada de posse anunciou o cumprimento de algumas das suas promessas de campanha e adiou outras - vai intensificar a patrulha na fronteira, mas adia as tarifas alfandegárias.

Greg Nash/Pool via REUTERS

O republicano anunciou que vai declarar o estado de emergência energética nacional para potenciar a exploração de gás e petróleo em solo americano, esperando assim diminuir os custos da energia para os consumidores. "Drill, baby, drill", um dos slogans de campanha, voltou a ser repetido, agora como presidente dos EUA. 

Este será um travão claro à política do ex-presidente Joe Biden que queria desenvolver a indústria dos carros elétricos. "A América vai voltar a ser uma nação industrial e nós temos uma coisa que nenhuma outra nação industrial tem: as maiores reservas de petróleo e gás que qualquer outro país na Terra e vamos usá-las", defendeu.

Biden chegou à Casa Branca prometendo acabar com os combustíveis fósseis, mas a produção de petróleo e gás dos EUA atingiu níveis recorde durante o seu mandato, uma vez que os perfuradores quiseram aproveitar os preços elevados na sequência das sanções impostas à Rússia após a sua invasão da Ucrânia.

Trump defendeu ainda que os EUA estão numa corrida ao armamento de inteligência artificial com a China e outros países, tornando as necessidades de energia desta indústria uma prioridade nacional. As projeções do Departamento de Energia são de que os centros de dados podem precisar do triplo de energia nos próximos três anos e consumir até 12% da eletricidade nacional. 

Na luta contra a transição energética, Trump afirmou ainda que vai revogar o que chamou de mandato para os carros elétricos, dizendo que pretende salvar a indústria automóvel americana. "Cada americano terá o carro que quiser", disse.

A emergência nacional na fronteira

O novo presidente dos EUA anunciou que vai declarar estado de emergência na fronteira com o México, o que permite que sejam deslocados militares armados. "Vou reintroduzir a minha política de "fiquem no México". Vou acabar com a prática de prender e libertar e vou enviar tropas para a nossa fronteira do sul para repelir a desastroça invasão do nosso país", sublinhou. Voltou a defender que quem entra nos EUA são imigrantes vindos das cadeias e instituições psiquiátricas, informações que não são corroboradas por nenhum dado oficial.

Decidiu ainda tornar os cartéis de droga "organizações terroristas internacionais".

Golfo da América e Monte McKinley

Trump anunciou ainda que vai mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Mudando ainda o nome da montanha mais alta da América do Norte, conhecida por Monte Denali, para o seu nome anterior Monte McKinley. O nome foi mudado pelo antigo presidente Brack Obama. A mudança de nome tem em vista homenagear "a grandeza americana".

Também o Canal do Panamá mereceu menção no discurso inaugural. "Vamos recuperar o Canal do Panamá. Não o demos para ser controlado pela China."

As guerras e os planos para a paz

Se prometeu luta contra os invasores dos EUA e proteger os interesses americanos a todo o custo, Trump prometeu também ser uma nação "cheia de compaixão, coragem e excecionalismo". "O nosso poder vai parar todas as guerras e trazer um novo espírito de unidade ao mundo que tem estado tão zangado, violento e totalmente imprevisível. A América vai ser respeitada e admirada outra vez."

Antecipou também que o seu legado de "maior orgulho" vai ser o de "fazedor da paz e unificador". Aproveitando para chamar a si o acordo de cessar-fogo em Gaza e o regresso dos reféns a Israel.

"Vamos ter as forças armadas mais poderosas que o mundo já viu. Vamos medir o nosso sucesso não só pelas batalhas que ganharmos, mas também pelas guerras que acabarmos e, talvez mais importante, pelas guerras que evitaremos."

Dois géneros

Uma das lutas de Trump tem a ver com os costumes e o que considera ser um ataque aos valores conservadores. Assim, antecipou que "esta semana" irá "acabar com a política do governo de tentar colocar a raça e o género em todos os aspetos da vida pública e privada. Vamos forjar uma sociedade que é cega perante as cores e baseada no mérito. A partir de hoje, a política oficial do governo dos Estados Unidos será que só existem dois géneros: masculino e feminino."

Ida a Marte

O discurso não ficaria completo sem falar da exploração espacial, ou não tivesse no seu governo um dos homens que mais tem ganhado com esse negócio: Elon Musk e os seus foguetões da SpaceX em colaboração com a Agência Espacial Norte-americana (NASA).

"Os EUA vão voltar a considerar-se uma nação que expande o seu território e prossegue o seu destino manifesto até às estrelas, lançando astronautas americanos para fixar a nossa bandeira no planeta Marte."

Artigos Relacionados