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"Este discurso não foi típico". Vasco Rato analisa discurso de Trump

Débora Calheiros Lourenço
Débora Calheiros Lourenço 20 de janeiro de 2025 às 21:59
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Donald Trump tomou posse como 47º presidente dos Estados Unidos esta segunda-feira, 20. Vasco Rato explica a forma como as questões económicas e o poder vão ter um papel fundamental nesta presidência.

Donald Trump tomou hoje posse como presidente dos Estados Unidos, no Capitólio, e num discurso "atípico", antecipou o que se pode esperar dos próximos quatro anos.

Jasper Colt/Pool via REUTERS

"Normalmente, o que se faz nesta ocasião é apresentar uma visão um bocadinho mais otimista para o país", começa por explicar à SÁBADO Vasco Rato, especialista em relações internacionais. 

Não foi o caso, especialmente porque Trump se monstrou muito crítico da presidência de Biden, "refere que os últimos quatro anos tinham sido catastróficos", mas depois aponta para um futuro melhor: "Avisou que ia reverter isso", reforça Vasco Rato. 

O professor universitário considera também que este foi um discurso onde Trump quis "reforçar a ideia de que é um homem que lutou contra tudo e contra todos porque está predestinado a retirar os Estados Unidos do lugar onde estão". Para isso é preciso "relançar a economia", uma das formas de o alcançar a que deu mais importância no discurso foi "reduzir os preços através do aumento a exploração do petróleo". 

Vasco Rato explica que "Trump acredita que ao ter mais petróleo disponível os preços vão baixar de forma direita e indireta, porque não nos podemos esquecer que os preços do supermercado, por exemplo, também têm em conta os custos de transporte". Além disso o especialista reforça que a "baixar o preço da energia é uma necessidade para uma economia que quer ter por base a inteligência artificial". 

A questão económica é fundamental para esta administração, daí Trump ter referido a importância de a eficiência governamental ser aumentada, o que passa por "menos regulamentação e redução dos impostos". Vasco Rato considera que é também por isto que "muitos dos CEOs das tecnológicas e das redes sociais estão com Trump neste segundo mandato". 

No que toca ao que podemos esperar daqui em diante dos Estados Unidos, Vasco Rato refere que o discurso de Trump vai muito de encontro "aquilo que Marco Rubio disse ao Senado na semana passada". "A ordem internacional está obsoleta e os Estados Unidos não vão ter o mesmo papel dos último 70 anos. Agora a questão é qual é o próximo papel?" Vasco Rato explica que "o que conta agora é o poder e não a diplomacia, seja ele económico ou militar, porque através do poder é possível levar os outros a fazer o que queremos".  

"Esta é a linguagem de Putin e de Xi Jinping", considera apesar de ressalvar que "é algo ao qual não estamos habituados no Ocidente".  

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