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Tolentino Mendonça: Poeta, professor e agora cardeal

05 de outubro de 2019 às 16:38
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O arquivista e bibliotecário do Vaticano tornou-se este sábado no 46.º cardeal português da história, em cerimónia na Basílica de São Pedro presidida pelo Papa Francisco.

Tolentino de Mendonçafoi este sábado investido como cardeal peloPapa Francisco, numa cerimónia realizada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O arquivista e bibliotecário do Vaticano recebeu o anel e barrete cardinalícios, assim como a bula, e foi-lhe atribuída a igreja de São Jerónimo da Caridade, em Roma.

Antes de entregar o barrete cardinalício e o anel, o papa criticou o "hábito da indiferença" e pediu aos novos cardeais compaixão, que definiu como "requisito essencial".

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"A disponibilidade de um purpurado para dar o seu próprio sangue -- significado na cor vermelha das suas vestes -- é certa, quando está enraizada nesta consciência de ter recebido compaixão e na capacidade de ter compaixão. Caso contrário, não se pode ser leal", afirmou Francisco.

O líder da Igreja Católica disse ainda que "muitos comportamentos desleais de homens da Igreja dependem da falta deste sentimento da compaixão recebida e do hábito de passar ao largo, do hábito da indiferença".

Tolentino Mendonça tornou-se no sexto cardeal português deste século e no 46.º da História, juntando-se ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e ao bispo da Diocese de Leiria-Fátima, António Marto, como cardeais eleitores - e também podem ser eleitos - num futuro conclave para escolher o sucessor de Francisco, de 82 anos.

No Colégio Cardinalício, que tem por missão apoiar o papa, estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam no conclave: Monteiro de Castro, de 81 anos, que foi penitenciário-mor da Santa Sé e teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.

Já Saraiva Martins, de 87 anos, foi secretário da Congregação para a Educação Católica e depois prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Foi criado cardeal por João Paulo II (1920-2005), no mesmo dia do ex-cardeal-patriarca de Lisboa José Policarpo (1936-2014).

Professor, poeta e agora cardeal

José Tolentino Calaça de Mendonça nasceu em dezembro de 1965 em Machico, ilha da Madeira, destacando-se como poeta, sacerdote e professor.

Autor de numerosos livros, que o tornaram conhecido pelos portugueses dos mais diversos quadrantes, exerce atualmente as funções de arquivista nos arquivos secretos do Vaticano, sendo bibliotecário da Biblioteca Apostólica.

Estudou Ciências Bíblicas em Roma e viveu em Lisboa, onde, foi professor e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, a instituição que escolheu para o doutoramento em Teologia Bíblica.

Entre as várias funções eclesiásticas que exerceu, foi publicando uma vasta obra de poesia, ensaio e teatro. Colaborou em muitos outros livros como tradutor e organizador.

Considerou a poesia, a arte de resistir ao tempo e viu a sua obra, como autor, distinguida com vários prémios, entre os quais o Prémio Cidade de Lisboa de Poesia (1998), o Prémio Pen Club de Ensaio (2005), o italiano Res Magnae, para ensaio (2015), o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes APE (2016), O Grande Prémio APE de Crónica (2016) e o Prémio Capri-San Michele (2017).

Iniciou os estudos de Teologia em 1982 e foi ordenado padre em 1990, tendo sido nomeado, em 2011, consultor do Conselho Pontifício da Cultura.

Em 2015, foi um dos autores selecionados para os exames nacionais de Português, em 2015.

O novo cardeal designado foi agraciado com duas comendas: Ordem do Infante D. Henrique e Ordem Militar de Sant´Iago de Espada.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a nomeação de Tolentino de Mendonça como cardeal traduz o "reconhecimento de uma personalidade ímpar", assim como a presença da Igreja Católica na sociedade portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda a "excecional relevância" de Tolentino Mendonça como "filósofo, pensador, escritor, professor e humanista", recordando que o convidou para presidir às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em 2020.

O papa Francisco anunciou a 01 de setembro, que o bispo português Tolentino Mendonça vai ser elevado a cardeal em 05 de outubro, data em que está marcado o consistório para a criação de 13 novos membros do Colégio Cardinalício.

O madeirense de 53 anos, torna-se no segundo membro mais jovem do colégio cardinalício, após o cardeal de Bangui (República Centro-Africana), Dieudonné Nzapalainga, de 52.

Em 26 de junho de 2018, o vice-reitor da Universidade Católica e diretor da Faculdade de Teologia, José Tolentino Mendonça, foi indigitado como arquivista e bibliotecário do Vaticano, cargo para o qual lhe foi atribuído o título de arcebispo.

Tolentino Mendonça ficou a tutelar a mais antiga biblioteca do mundo, substituindo Jean-Louis Bruguès, que assumiu o cargo em 2012.

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