Num comunicado a propósito do relatório do Tribunal de Contas, que apurou o pagamento de quatro milhões em pensões de sobrevivência a beneficiários já falecidos, nalguns casos há mais de 10 anos, a Segurança Social rejeita "a alegada não atuação e imputação de responsabilidade financeira".
A auditoria centrou-se nas prestações por morte cessadas em 2016 e 2017 e, do valor de pagamentos indevidos detetados, 3,7 milhões de euros correspondem a pensões de sobrevivência cessadas naqueles anos, enquanto cerca de 0,4 milhões são relativos a pensões próprias.
Entre os 223 casos de pensões de sobrevivência cessadas em 2016 e 2017 e analisadas, há 40 em que o óbito tinha ocorrido há mais de 10 anos e 35 em que contava já com mais de seis anos.
A auditoria permitiu ainda verificar que, dos 3,7 milhões de euros, houve uma parcela de 1,8 milhões de euros que foi registada como dívida, tendo sido recuperados 614 mil euros (16,7% do total).
Sobre a recuperação de dívida, o Instituto de Segurança Social (ISS) diz que a quebra generalizada e continuada de recursos humanos desde 2010 no Centro Nacional de Pensões (CNP), que em 2017 ficou reduzido a pouco mais de metade dos efetivos de que dispunha em 2010, conjugada com o aumento dos requerimentos, "são os principais fatores que têm contribuído para o aumento da pressão sobre o CNP, condicionando a sua capacidade de resposta".
"Acresce a complexidade técnica das pensões, que exige desenvolvimentos ao nível dos sistemas de informação, os quais têm vindo a decorrer, de forma a diminuir a componente manual na análise e tratamento da maioria dos pedidos de reforma", refere o comunicado.
O ISS diz ainda que a gestão das pensões "requer um sistema de informação robusto e completo, cujo desenvolvimento está em curso, estando previsto o arranque em produção do primeiro módulo deste sistema em março de 2019".
Aponta ainda que o Plano de Intervenção para a Área das Prestações Diferidas, adotado em 2018, "inclui um conjunto de medidas que atuam no reforço de recursos humanos, nos sistemas de informação e na melhoria de procedimentos, encontrando-se a generalidade das medidas já implementadas".
Diz ainda que os efeitos deste plano "já são visíveis", tendo sido complementados no início de 2019, com novas medidas, entre elas o reforço de pessoal ao longo deste ano e início de 2020, e a especialização de equipas.
"Esta especialização abrange ainda uma nova distribuição de competências entre o Centro Nacional de Pensões e os Centros Distritais", explica.
O ISS recorda a necessidade de cruzamento de dados com outras instituições externas para troca de informações sobre óbitos e diz que no âmbito do Simplex+ foi introduzida uma medida de "comunicação automática de óbito", que está em fase de testes, e que o pagamento das pensões é suspenso sempre que ocorre a devolução do vale postal.
Diz ainda que os pagamentos indevidos resultam do desfasamento entre o cruzamento dos dados de óbitos e a data de pagamento de pensões, situação que "advém não só da dimensão do processo, mas também da necessidade de garantir a articulação com vários parceiros internos e externos ao sistema de segurança social".
"Esta condicionante só pode ser ultrapassada através de soluções de natureza tecnológica que têm vindo a ser desenvolvidas, cuja entrada em produção está prevista para 2019, conforme transmitido ao Tribunal de Contas", acrescenta.
Não é a primeira vez que o Tribunal de Contas verifica este tipo de situações, sendo que a presente auditoria o levou a concluir que, além destes casos persistirem, o ISS não instituiu os mecanismos para controlar estas situações nem assegurou a recuperação dos valores pagos de forma indevida.
O ISS, por seu lado, insiste que "existem procedimentos instituídos, que os mecanismos foram efetivamente implementados e que foi promovida a contratação de recursos humanos para colmatar os défices de pessoal do CNP".
"Estas iniciativas foram extensamente explicadas à equipa de auditoria do Tribunal de Contas, que optou por não as valorizar, recomendando metodologias alternativas que não encontram suporte na lei vigente", acrescenta.
Segurança Social diz que tomou medidas para não pagar a pensionistas mortos
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