Em Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, Rui Rio assumiu que a prioridade nas legislativas de 2019 "é ganhar e ganhar com maioria absoluta" e que, se isso não acontecer, terá que evitar que "o Governo continue a ser este que temos". "Aquilo que eu não quero é, chegado a uma situação dessas, se por acaso não ganhar as eleições, mesmo nesse enquadramento, tenho de evitar que o país continue governado completamente à esquerda e amarrado à extrema-esquerda como tem andado este, esse é um dos desafios", reforçou.
O antigo autarca do Porto disse que defender o contrário "é estar em choque frontal com o que o PSD tem feito ao longo dos anos", dizendo "não perceber" a posição assumida pelo seu adversário nas eleições do dia 13 que, recusa acordos de Governo com o PS. "Há uma pessoa que explicaria melhor isso ao doutor Santana Lopes do que eu, que é o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Quando o engenheiro Guterres teve um Governo minoritário, o PSD liderado pelo doutor Marcelo Rebelo de Sousa e eu, na altura secretário-geral, permitiu que aquele primeiro-ministro, que teve mais votos, governasse que foi o caso do engenheiro António Guterres", recordou.
Mais tarde, em entrevista transmitida no Jornal da Noite da SIC, Rui Rio voltou a dizer que se Pedro Santana Lopes vencer as directas para a presidência do partido do próximo sábado, o PS poderá ser "atirado para os braços da geringonça".
E defendeu que os socialistas deveriam ter viabilizado o executivo minoritário PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho. "É isso que os militantes do PSD esperam de mim, não é isso que eventualmente os militantes do PSD querem que diga hoje, mas eu se estou na política é para fazer diferente", afirmou o antigo autarca do Porto.
Santana acusa: PSD a fazer de PCP e BE
Do outro lado da barricada, a aposta é na denúncia àquilo que Santana considerar ser uma clara proximidade entre o adversário e os socialistas. O antigo primeiro-ministro tem-se demonstrado contra o possível apoio a um eventual futuro governo minoritário socialista.
"O doutor Rui Rio, de facto, encontra sempre argumentos para justificar alguma proximidade ao Partido Socialista", afirmou Santana Lopes aos jornalistas em Penafiel, onde participou numa sessão com militantes. "Eu li essas declarações e surpreenderam-me muito, porque isso ser possível equivaleria ao PPD/PSD ocupar o lugar que agora é ocupado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda", insistiu o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Santana Lopes defendeu que o PSD tem de ser alternativa e "não fazer blocos centrais, nem assumidos, nem disfarçados, preparar essa solução, essa alternativa, coerente, determinada e reformista que substitua o PS".
O candidato assinalou que o PSD "nasceu para ser primeiro partido, não nasceu para ser muleta de ninguém, nasceu para ser alternativa". "Estar a falar de hipóteses dessas, a ano e meio de eleições, é quase uma confissão antecipada de falta de confiança nas possibilidades próprias", acrescentou.
Questionado sobre os números do desemprego e do défice anunciados esta segunda-feira, Santana Lopes admitiu ser "um grande desafio para a oposição quando o Governo tem resultados positivos".
"A oposição tem que provar que é melhor e conseguiria melhor que o Governo que está em funções, apresentar melhores propostas, ter melhores caminhos e dizer o que é que o país ganharia se fosse a oposição a estar Governo", sublinhou.
O PSD escolherá o seu próximo presidente no dia 13 de Janeiro em eleições directas, que serão disputadas entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio.