Começou precocemente como jornalista, deu o salto para a política mas recuou. Sebastião Bugalho, de 24 anos, diz que o Presidente Marcelo gosta de o ouvir porque é "muito bom".
Em 2019, o jornalista Sebastião Bugalho, então com 22 anos, foi escolhido por Assunção Cristas para integrar, em sexto lugar, a lista do CDS pelo círculo de Lisboa, nas legislativas daquele ano. Mas não foi eleito deputado e voltou-se novamente para o jornalismo. Qual foi o caminho deste "jovem prodígio", como lhe chamam, que se tornou jornalista com apenas 20 anos? Em 2016, Sebastião – filho dos jornalistas João Bugalho e Patrícia Reis, editora da revista Egoísta, da Estoril Sol – era aluno do curso de Ciência Política, no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, ofereceu-se para escrever opinião no jornal i. Gostaram do seu atrevimento e convidaram-no a assinar uma coluna.
Confiança superior à de Jorge Jesus Depois foi desafiado a fazer um estágio na secção de política e, segundo Vítor Raínho, diretor daquele jornal, logo no primeiro dia fez vários artigos, desde internacional a política e até de desporto. "Um jovem cheio de si, com uma confiança superior à de Jorge Jesus", disse num artigo desse jornal. Seguiu-se uma proposta de emprego no grupo (também detentor do jornal SOL). "Os jornais são para mim um pilar da democracia. Como democrata, é um privilégio trabalhar neles", disse Sebastião, que se assume de direita – "se fosse de esquerda, seria uma popstar", ironizou.
Em agosto de 2016, Bugalho fez uma grande entrevista política e de vida a Francisco Rodrigues dos Santos, "Chicão". A promoção do então líder da JP é reforçada no título "Queremos uma juventude do povo! Não temos de ter medo de dizê-lo". Ao fim de pouco tempo, passou a ser convidado para fazer comentário político na TVI, com José Miguel Júdice e Constança Cunha e Sá, tornando-se uma personagem mediática e chegou a ter um programa, com António Rolo Duarte, o Novos Fora Nada, na TVI24.
Marcelo impressionado convida-o para almoçar Em 2018, afasta-se do jornalismo por causa da política, mas o facto de não ter sido eleito deputado retirou-o do foco mediático. "O meu interesse na política era quase romântico, literário. Não foi um interesse premeditado, pensado. Foi quase instintivo", disse numa entrevista ao i, em que foi capa, em agosto do ano passado. E acrescentou: "Muitos comentadores políticos em Portugal, na sua maioria, diria eu, passam a carreira inteira no sofá a dizer mal de tudo e todos e nunca se sujeitam ao escrutínio de ninguém. Estão sujeitos aos cliques nos sites e podem dizer as maiores baboseiras para os terem. Acho que aquilo que decidi fazer foi descer um bocadinho do pedestal de crítico e ir ver como era o outro lado. Acho que isso me fez bem".
Sebastião Bugalho – que tem mais de 8 mil seguidores no Twitter, onde se descreve como colunista e analista político – impressionou Marcelo Rebelo de Sousa que gosta de o ouvir, tendo-o convidado para um almoço, no verão passado, juntamente com José Manuel Fernandes, António Carrapatoso, Duarte Schmidt e João Carlos Espada, para sentir as preocupações da direita. "Marcelo quis ouvir-me porque sou muito bom", referiu sobre esse facto o jornalista, que assina colunas de opinião no Observador e no Diário de Notícias.
"O meu melhor amigo diz que saí da barriga da minha mãe a ler o The Economist – é capaz de ter razão", afirmou ao Jornal Económico, em 2018. Sobre o jornalismo, Sebastião disse na mesma altura: "Acho que os jornais já não são respeitados em Portugal. As pessoas já não olham para os jornais e para quem dá as notícias como os mensageiros da verdade. Acho que é uma grande missão tentar recuperar essa dimensão honrosa de ser mensageiro da verdade. Sempre procurei ser nobre para com essa missão e sempre foi, também, um privilégio servi-la".
No Facebook, vai partilhando algumas memórias como esta: "Quando nasci, nos meados dos anos 90, o meu pai mantinha um programa de rádio dedicado ao jazz. Sentarem-me na cadeirinha rotativa do estúdio, com os ténis de velcro suspensos nas alturas, é das memórias mais antigas que guardo. Ele anunciava um concerto qualquer e punha um disco a tocar, e eu ouvia-o, com a voz de locutor fumador, e os olhares fora da cabine insonorizada a dizerem-me: ‘Não faças barulho agora!’. E eu lá ficava, excecionalmente caladinho, sem arruinar a gravação".
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