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PSD vence na Madeira, mas longe da maioria absoluta

Tanto o PSD e PS procuram aliados após uma vitória sem maioria absoluta. JPP conseguiu nove deputados e é a terceira maior força política do arquipélago.

O PSD/Madeira voltou a vencer no domingo as legislativas regionais sem conseguir, pela terceira vez consecutiva, a maioria absoluta. O PS considera que existe margem para construir uma alternativa à força política que lidera a Madeira há cinquenta anos. 

GREGÓRIO CUNHA/LUSA

Segundo os resultados divulgados pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PSD/Madeira conseguiu 19 dos 47 mandatos, ficando longe da maioria absoluta (24 mandatos), mas com uma margem bastante confortável sobre o PS que conseguiu 11 deputados. Em terceiro lugar surge o JPP que conseguiu nove mandatos, seguido pelo Chega com quatro e o CDS com dois. Tanto a IL como o PAN elegeram cada um um deputado.

Este resultado do PSD e do CDS - 19 e dois, respetivamente - é inferior ao que conseguiram no ano passado quando, em coligação, conseguiram, respetivamente, 20 e três. Os dois partidos, que fizeram um acordo após as eleições de 2019 – ano em que o PSD perdeu pela primeira vez a maioria absoluta - governaram juntos o arquipélago desde então, mas em 2023 os sociais-democratas assinaram um entendimento de incidência parlamentar com a única eleita do PAN para que a coligação pudesse contar com o apoio de 24 dos 47 deputados da Assembleia Legislativa.

O JPP, partido nascido na região e com origem num movimento autárquico independente, aumentou o número de eleitos de cinco para nove, com 22.958 votos (16,89%).

O BE e o PCP (neste caso, através da coligação CDU, que inclui também o PEV) perderam a representação parlamentar, mas prometeram continuar as suas lutas e a trabalhar com a população. Na corrida estavam ainda mais cinco forças políticas, que não conseguiram eleger: PTP, Livre, ADN, MPT e RIR.

As eleições antecipadas ocorreram oito meses após o mais recente sufrágio, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção e pediu a demissão, deixando o executivo em gestão.

Depois de uma votação com 46,60% de abstenção (de entre 254.522 eleitores inscritos), o social-democrata diz-se agora disponível para negociar com "todos os partidos com assento parlamentar", excluindo o PS, e assegurar um "governo com estabilidade".

"Os resultados são fáceis de interpretar. Nós somos o partido que foi escolhido pelo povo madeirense para governar", afirmou, reforçando ser necessário aprovar o Orçamento deste ano e um Programa do Governo até julho.

Contudo, não mencionou um partido em concreto, nem indicou se pretende governar em minoria, negociar um acordo de governo ou um acordo parlamentar.

Do lado do PS, Paulo Cafôfo tem outra interpretação dos resultados: apesar de a direita ter conseguido a maioria dos assentos (PSD, Chega, CDS e IL somam 26, a que se poderá juntar o do PAN), é possível, na sua leitura, "uma mudança de governo" na região.

O PS e o JPP, juntos, têm 20 deputados, ficando a quatro da maioria absoluta do parlamento, mas o líder regional socialista tem como objetivo "construir um novo governo com estabilidade" e vai "encetar contactos" com os partidos com representação parlamentar, excluindo dessas conversas PSD e Chega.

"Fora da equação", para o JPP, estão também o PSD e Albuquerque, conforme assegurou o cabeça de lista do partido, Élvio Sousa, que remeteu quaisquer outras conversas para segunda-feira.

Um Governo Regional sem Miguel Albuquerque é também uma das condições impostas pelo Chega para apoiar o executivo social-democrata. Se o presidente do PSD/Madeira ficar terá de "ter a coragem" para governar sem maioria, segundo o líder regional do Chega, Miguel Castro.

O CDS-PP já admitiu estar disponível para dialogar com todos os partidos, mas avisou que não voltará a integrar o executivo.

Também a IL reafirmou que não vai fazer acordos com ninguém, embora tenha disponibilidade para negociar caso a caso, enquanto o PAN, manifestando-se como "um partido de abertura, de diálogo, de construção", assegurou que não deixará "ninguém de parte" e pensará "sempre naquilo que é o melhor" para a região.

Com Lusa

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